Se não nos envergonharmos de Jesus Cristo, Ele não Se envergonhará de nós.
Queridos alunos e amigos da BYU, como minha esposa, Christy, e eu somos gratos por estarmos aqui com vocês hoje. Quando o coral cantou “Erguei-vos Cantando”1, pensei que isso se referia a vocês. Obrigado por sua fidelidade.
As experiências que Christy e eu tivemos na Universidade Brigham Young transformaram absolutamente nossas vidas e as vidas da maioria de nossos filhos e seus cônjuges. O Presidente C. Shane Reese nos garante que a BYU já está transformando vocês. Ele não consegue se conter ao compartilhar algumas das grandes coisas que vocês estão realizando. Ele está orgulhoso de vocês, e nós também!
Depois de nossa experiência na BYU, nos mudamos para a Filadélfia para fazer pós-graduação. Um dia, um colega de classe me disse: “Tony, você é um pouco estranho. Você segue regras de comportamento religioso que eu não entendo. E você é tão jovem para estar casado e ter três filhos – o que não consigo nem imaginar”.
Na época, talvez eu tenha me sentido um pouco constrangido por ele me ver como um “esquisitão”. Agora, vejo suas observações como um grande elogio.
Um povo peculiar
O apóstolo Pedro escreveu:
Vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido [ou, peculiar], para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.2
Pedro ensina que o Salvador chamou Seus discípulos escolhidos – você e eu – para sermos um povo peculiar.
Na versão do Rei Jaime da Bíblia Sagrada, a palavra peculiar aparece um total de sete vezes.3 Peculiar pode ter dois significados, um moderno e outro bíblico.
Nosso uso moderno da palavra peculiar inclui sinônimos como excêntrico, esquisito, singular, estranho e único.4 Em um devocional da BYU, o Élder Bruce R. McConkie, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou: “Não somos aberrações, mas pessoas normais e saudáveis que desfrutam a vida. (…) Não obstante, somos peculiares”.5 Os criadores de conteúdo adoram as visualizações que nossa peculiaridade gera – basta considerar os filmes, as séries de TV e as postagens sociais recentes que descaracterizam os santos dos últimos dias.
Um segundo significado de peculiar pode ser extraído dos idiomas originais do texto bíblico. O Presidente Russell M. Nelson ensinou esse significado em um devocional da BYU. Ele explicou:
No Velho Testamento, o termo hebraico do qual peculiar foi traduzido é cgullah [segullah], que significa “propriedade valiosa” ou “tesouro”.
No Novo Testamento, o termo grego do qual peculiar foi traduzido é peripoiesis, que significa “posse” ou “obtenção”.6
Como a versão do Rei Jaime da Bíblia deixou passar essa nuance de “posse valiosa”, as traduções atualizadas do Novo Testamento mudam “povo peculiar” para “um povo que pertence a Deus”.7 Adoro essa ideia de que pessoas peculiares pertencem a Deus!
Agora declaro concluída a aula de linguística.
Hoje, ao buscarmos entender nossa identidade como “povo peculiar”, convido-os a refletir sobre duas questões:
- Primeiro, a partir do significado moderno: “Estou disposto a ser julgado como peculiar ou estranho aos olhos do mundo?”
- Segundo, a partir do significado bíblico: “Estou disposto a me tornar um tesouro peculiar ou valioso pertencente ao Pai Celestial e a Seu Filho, Jesus Cristo?”
Voltaremos a essas duas perguntas um pouco mais tarde.
O convite do Senhor e a bênção prometida
Um compromisso duradouro de ser peculiar exigirá que superemos nossos medos sociais. Os medos sociais referem-se à ansiedade que podemos sentir quando prevemos que seremos examinados e julgados por outras pessoas.8 Superar nosso medo de sermos julgados como peculiares ou estranhos exigirá que exerçamos fé nas promessas do Senhor.
Por meio de Seu profeta Moisés, o Senhor nos fez um convite com uma promessa:
Se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes o meu convênio, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos.9
Agora é hora de uma lição de matemática:
Que equação simples para receber as bênçãos e a alegria de Jesus Cristo! O presidente Russell M. Nelson ensinou: “O futuro é brilhante para o povo de Deus que cumpre convênios”.10
Para ilustrar as bênçãos e as alegrias que fluem do cumprimento dos convênios, compartilharei algumas experiências pessoais. O caminho da mortalidade tem sido único para mim e para a Christy, assim como os seus caminhos também têm sido e serão. Não estou sugerindo que seus caminhos devam ser iguais ao nosso. Ao compartilhar essas experiências, saibam que Christy e eu não somos perfeitos (basta perguntar aos nossos filhos). Assim como vocês, nós nos regozijamos com a dádiva do arrependimento e nos esforçamos para melhorar um pouco a cada dia.
1. Obedecer mandamentos peculiares para guardar os convênios de investidura do templo
Minha primeira sugestão para tornar-se um tesouro valioso para o Senhor é obedecer mandamentos peculiares para guardar os convênios de investidura do templo. Por “mandamentos peculiares” quero dizer tanto estranhos para o mundo quanto valiosos para os obedientes. Muitos de vocês já receberam sua investidura, e a maioria fez o convênio do batismo, que inclui o compromisso de guardar os mandamentos de Deus.11
Por que Deus nos dá mandamentos? Porque Ele nos ama e quer que encontremos alegria. Ele vê mais do que nós podemos ver. Ele promete que a obediência aos mandamentos traz felicidade nesta vida e no mundo vindouro.12
Por que obedecemos aos mandamentos de Deus? Porque amamos o Pai Celestial e Jesus Cristo.13 Buscamos conhecê-Los14 e desejamos receber Deles bênçãos espirituais e temporais.15 Nossa mentalidade evolui de “tenho que” para “tenho o privilégio de”.
Sabendo que os mandamentos são dados com amor e guardados por amor, destacarei agora cinco mandamentos altamente visíveis que podem fazer com que os santos dos últimos dias que guardam convênios pareçam peculiares a amigos, à mídia, aos acadêmicos e às pessoas do mundo todo.
A Palavra de Sabedoria
A Palavra de Sabedoria é um elemento do cumprimento da lei do convênio da obediência. Os profetas declararam que nosso corpo é um templo.16 Para proteger nosso corpo e nosso espírito dos desígnios malignos de homens conspiradores em nossos dias, Jesus Cristo forneceu uma lei de saúde com grandes promessas a Seus santos.17
Em contraste, o mundo vê o corpo principalmente como uma fonte de prazer, com o conselho “comei, bebei e diverti-vos”.18 Nossas escolhas de abster-nos de substâncias como café, álcool e drogas recreativas parecem estranhas para muitos. Por exemplo, em um recente jogo de futebol americano da BYU, o comentarista da TV citou um ex-técnico da Boise State e da Universidade de Washington: “Ainda não consigo acreditar que álcool não seja permitido naquele estádio. Esses torcedores são loucos.”19 E, a propósito, estamos orgulhosos de vocês.
Meu empregador transferiu nossa família para Pequim poucos anos depois de eu ter concluído a pós-graduação. Quando cheguei para angariar clientes para nossa empresa de consultoria, líderes empresariais dos Estados Unidos e da Europa me aconselharam que, para ter sucesso, eu precisaria levar os executivos chineses a bares de karaokê e consumir muito álcool. Optei por não fazer isso e, ainda assim, nossa empresa foi bem-sucedida.
Talvez vocês se sintam tentados a quebrar a Palavra de Sabedoria para se encaixar socialmente, tentar algo novo ou obter uma promoção no trabalho. Talvez pensem que apenas um pequeno gole não fará mal. Eu lhes asseguro que fará sim – espiritualmente, e talvez fisicamente também. Testifico que o Senhor os abençoará com “sabedoria e grandes tesouros”20 se escolherem ser peculiares ao viverem com alegria a Palavra de Sabedoria.
Dízimo
O dízimo é uma das maneiras pelas quais cumprimos a lei do convênio do sacrifício. Em todas as dispensações, o Senhor ordenou que Seu povo do convênio pagasse o dízimo, seja em frutos, rebanhos ou fundos.
O dízimo é estranho para uma economia moderna voltada para o consumo e muitas vezes financiada por dívidas. Para as pessoas de mentalidade mundana, a matemática não funciona. Como pode cem menos dez ser igual a mais de cem? A matemática funciona porque o Senhor prometeu abrir “as janelas do céu”21 para aqueles que vivem essa lei. A casa do Senhor é o lugar onde os céus podem realmente se abrir para nós, e o dízimo é um requisito para entrar em Seu templo.22
Certa vez, uma revista chinesa de negócios me apresentou em um artigo de capa. O jornalista fez muitas perguntas sobre meu emprego e – surpreendentemente, em um país oficialmente ateu – sobre minha religião. Fiquei fascinado ao ver que a versão final do artigo continha uma longa seção sobre o dízimo.23 Por que esse destaque? Porque meu compromisso com essa prática aparentemente ilógica seria intrigante para os executivos chineses.
Christy e eu testemunhamos que o Senhor cumpre Suas promessas a Seu povo do convênio. Mostrem seu amor pelo Senhor sacrificando-se para viver a lei peculiar do dízimo e esperando pacientemente que as janelas do céu se abram para vocês.
O Dia do Senhor
O Dia do Senhor é fundamental para guardar a lei do convênio do evangelho. O presidente Nelson ensinou que o Dia do Senhor não se trata de uma lista de “coisas para fazer e coisas para não fazer”, mas é um sinal de nosso amor pelo Pai Celestial e pelo Salvador.24 O presidente Nelson prometeu: “Um Dia do Senhor quando consagrado é realmente deleitoso”.25
Em contraste, grande parte do mundo vê o domingo como um dia de prazer – compras, esportes na comunidade e na TV, recreação como acampamento e pesca e muitas outras atividades. Nossa frequência semanal à igreja e nosso foco em atividades mais espirituais nos destacam.
Com menos de um ano de carreira, fui designado para uma equipe de projeto liderada por John. John gostava de começar a semana com uma reunião de equipe de quatro horas todos os domingos à tarde. Isso me deixava extremamente desconfortável, mas, como eu era um novo associado, tinha medo de contestar.
Mais ou menos um mês após o início do projeto, o sócio-gerente pediu que eu fosse ao seu escritório. Ele perguntou como eu estava me adaptando.
Criei coragem e lhe disse: “Adoro o trabalho; trabalharei dezesseis horas por dia, de segunda a sexta-feira, quando necessário, mas Christy e eu damos prioridade à nossa família. Precisamos muito do sábado para os esportes de nossos filhos e do domingo para estar com Deus e nossa família”.
Eu então disse: “Se isso não for aceitável, ficarei feliz em procurar outro emprego”.
Ele simplesmente respondeu: “Vou falar com o John”.
As reuniões de domingo terminaram e eu permaneci nessa empresa por toda a minha carreira.
Pode chegar um momento em seu futuro em que vocês precisarão decidir sobre seu sinal peculiar do Dia do Senhor para Deus. Testifico que santificar o Dia do Senhor realmente pode ser deleitoso e um alegre descanso das preocupações do mundo.
Pureza Moral
A pureza moral é essencial para guardar a lei do convênio da castidade. As escrituras ensinam que viver a lei da castidade é essencial para que tanto uma pessoa solteira quanto um casal se qualifiquem para o Espírito, exerçam fé, conservem a remissão dos pecados e tenham confiança para estar na presença de Deus.26
Por meio de Seus profetas, o Senhor declarou:
A intimidade física entre marido e mulher deve ser bela e sagrada. (…)
Somente um homem e uma mulher que sejam legal e legitimamente casados um com o outro devem ter relações sexuais.27
O Livro de Mórmon usa a palavra libertinagens [ou similares] cerca de trinta vezes para descrever violações graves da lei da castidade.28 Em nítido contraste, o mundo usa todos os tipos de palavras para racionalizar o comportamento sexual fora do casamento – palavras como ficar com alguém, morar junto, relacionamento aberto e, minha favorita, não monogamia ética. Embalar antigos pecados em novas palavras de forma engenhosa não remove as consequências negativas do pecado. “Iniquidade nunca foi felicidade.”29
Passei a maior parte dos últimos trinta e cinco anos viajando pelo mundo a trabalho e a serviço da Igreja, geralmente sozinho. A Christy sabia que eu guardaria esse convênio de castidade, e eu sabia que ela também o faria. Víamos o uso adequado de nossos garments do templo como uma proteção contra a tentação. Sou testemunha de que um casamento bem-sucedido e uma vida feliz baseiam-se na confiança mútua.30
Sejam peculiares e guardem esse convênio de pureza moral. Se não estiverem experimentando atualmente a confiança e a alegria que fluem de uma vida casta, voltem-se para Jesus Cristo e conversem com seu bispo.
Serviço
O serviço é um aspecto do cumprimento da lei do convênio da consagração. Jesus Cristo disse a Pedro: “Quando te converteres, fortalece teus irmãos”.31 O Salvador nos ordena a amar o próximo.32 Ele convida cada um de nós a dedicar tempo para ministrar às necessidades temporais e espirituais de outras pessoas. Podemos ministrar ao cumprirmos chamados na Igreja. Também podemos servir fora da Igreja, ajudando os outros a ver que servimos a todos os filhos de Deus, não apenas às pessoas peculiares de nossa ala.
O mundo promove a ideia de que, uma vez que você estiver fora do trabalho, é hora de se concentrar em recreação, jogos ou assistir à mais nova série de TV. O mundo não consegue entender um ministério leigo de mulheres e homens que lideram a Igreja enquanto mantêm uma vida familiar, profissional e comunitária normal.
Testifico que quando exercemos nossa fé para consagrar nosso tempo e talentos para servir nos chamados da Igreja e na comunidade, o Salvador nos magnifica e nos transforma além de nossas capacidades inatas. Sentimos alegria em servir. O presidente Nelson ensinou: “O Senhor usa o improvável para realizar o impossível”.33
Poder do convênio
Agora, alguns de vocês podem estar pensando: “Posso realmente obedecer a todos esses cinco mandamentos peculiares pelo resto da vida para guardar meus convênios de investidura?” Deixe-me assegurar-lhes – como “filhos do convênio”34 – que sim!
O presidente Nelson prometeu:
Por causa de nosso convênio com Deus, Ele nunca Se cansará de procurar nos ajudar, e nunca esgotaremos Sua paciência misericordiosa para conosco. Cada um de nós tem um lugar especial no coração de Deus. Ele tem grandes esperanças em relação a nós.
(…) Ele fará tudo o que puder, sem infringir nosso arbítrio, para nos ajudar a guardar [nossos convênios].35
Mandamentos Peculiares | Convênios da Investidura do Templo Relacionados |
Palavra de Sabedoria | Lei de Obediência |
Dízimo | Lei de Sacrifício |
Dia do Senhor | Lei do Evangelho |
Pureza Moral | Lei da Castidade |
Serviço | Lei da Consagração |
2. Exercer fé peculiar para fazer e guardar convênios de casamento eterno
Minha segunda sugestão para tornar-se um tesouro valioso para o Senhor é exercer uma fé peculiar para fazer e guardar o convênio do casamento eterno. Esse convênio com Deus une um casal como companheiros eternos e os vincula à sua posteridade.
Ao abordar esse tópico, sei que o casamento pode não acontecer a alguns de vocês nesta vida mortal. Mas os profetas prometeram que todas as bênçãos do casamento e da posteridade serão concedidas a todos os que guardarem seus convênios batismais e de investidura.36
Por que Deus nos convida a participar do convênio do casamento eterno? Ele disse: “Não é bom que o homem [ou a mulher] esteja só”.37 Ele quer nos dar um vislumbre da alegria que o Pai e a Mãe Celestial sentem.
Casamento
O Senhor proclamou por meio dos profetas: “A família foi ordenada por Deus. O casamento entre o homem e a mulher é essencial para Seu plano eterno”.38 No mundo atual, muitos veem o casamento como uma tradição ultrapassada. Alguns querem se casar, mas são impedidos por medos ou prioridades equivocadas.
Alguns de vocês aqui hoje podem temer repetir o divórcio de seus pais ou de outras pessoas que conhecem e amam. Talvez estejam pensando: Por favor, não me fale de famílias eternas. A família em que cresci não é como as descritas nos hinos da Igreja. Meus pais não eram “bons pra mim”,39 meu lar não era “um céu na Terra”,40 e as rosas não “cantam hinos para mim”.41
Deixem-me assegurar-lhes que o Senhor pode ajudá-los. Sigam em frente com fé Nele e não se deixem paralisar pelo medo de cometer um grande erro que acabe em divórcio. Vocês podem quebrar o ciclo. Meus pais conseguiram – ambos vieram de lares onde houve divórcio, e agora estão casados há 65 anos.
Prioridades equivocadas são outro desafio para o casamento em nossa sociedade moderna. Um relatório de coautoria do Wheatley Institute da BYU afirma que o casamento deixou de ser a “pedra fundamental” de uma vida bem-sucedida e passou a ser a “pedra final”.42 Deixe-me ilustrar.
Quando o casamento é a pedra fundamental, marcos como terminar os estudos, conseguir emprego e ter uma casa própria são alcançados durante os primeiros anos de casamento. Esse foi o padrão para Christy e eu. Nós nos casamos aos 21 anos, logo após minha missão. Enquanto estávamos na BYU, tudo o que podíamos comer era macarrão cozido com um pouco de molho de tomate por cima. Mas éramos tão felizes quanto crianças na manhã de Natal. Havia alegria na jornada juntos.
Quando o casamento é a pedra final, ele é propositalmente adiado até que a educação, o emprego e a casa própria estejam concluídos. Enfatizo a expressão “propositalmente adiado” – é claro que enquanto vocês buscam um companheiro ou companheira eterna, vocês também se dedicarão aos estudos e ao emprego. Mas, para os santos dos últimos dias, um atraso proposital no casamento geralmente leva a um declínio no cumprimento dos convênios e na participação na Igreja.
O presidente Nelson ensinou:
Os bens materiais e as honrarias do mundo não duram. Só nossa união como marido, mulher e família. (…) Nenhum sacrifício é grande demais para se conseguir as bênçãos de um casamento eterno.43
Alguns de vocês aqui hoje já estão casados. Vocês encontrarão alegria ao fortalecerem continuamente seu relacionamento como parceiros iguais.
Para os que não são casados, espero que estejam exercendo fé, sustentando a esperança e mantendo o ânimo ao procurarem pacientemente encontrar um companheiro eterno. Como presidente de missão, eu dizia aos missionários no final de suas missões que muitas pessoas podem ser uma companhia atraente e divertida para a vida, mas seu companheiro ou companheira eterna também precisa ser seu melhor amigo. Reconhecer seu melhor amigo provavelmente requer mais de um encontro. É óbvio, não é? O Presidente e a irmã Reese estão muito animados com o fato de vários de vocês terem participado das atividades que eles patrocinam para a Noite de Encontro com os Reeses. Sintam-se à vontade para desconsiderar a pressão exclusiva da BYU: ir a um encontro não significa que vocês precisam decidir antes da noite terminar se vão se casar.
Seja peculiar e priorize encontrar um companheiro eterno e então fortalecer seu casamento.
Filhos
O Senhor ordenou a Adão e Eva: “multiplicai-vos, e enchei a terra”.44 Os profetas modernos nos ensinam que esse mandamento continua em vigor.45 A Igreja não lhe dirá quando ter filhos ou quantos ter.46 Mas os profetas ensinarão consistentemente a felicidade de ser pai ou mãe.
Assim como no casamento, os medos e as prioridades do mundo adiam a escolha de se ter filhos. No mundo, alguns temem que ter filhos afete a pegada de carbono e a sustentabilidade ambiental.47 O Senhor diz: “a Terra está repleta e há bastante e de sobra”.48 Outros temem por sua saúde mental ao se tornarem pais, apontando para um comunicado de 2024 divulgado pelo Cirurgião Geral dos Estados Unidos.49 Um estudo de 2023 do Centro de Pesquisas Pew descobriu que 71% dos adultos disseram que “ter um emprego ou uma carreira da qual gostem é extremamente ou muito importante para que as pessoas tenham uma vida plena”, em comparação com apenas 26% que priorizaram ter filhos.50
Essas perspectivas mundanas ignoram a conexão constante nas escrituras entre filhos e alegria.51
Enquanto morávamos na Filadélfia, nossa ala incluía vários estudantes de pós-graduação de várias disciplinas que eram casados. Estávamos todos na casa dos vinte anos, e a maioria de nós tinha pelo menos um filho. Na Ivy League [grupo de universidades de elite dos EUA], esse comportamento era realmente peculiar. Meus colegas da faculdade de administração não conseguiam entender o fato de termos nosso terceiro filho enquanto Christy e eu ainda tínhamos 27 anos. A maioria deles nem sequer tinha um namorado ou namorada fixa.
Entretanto, em nossa reunião de vinte anos, meus colegas de então quarenta e cinco a cinquenta anos – que agora tinham seus próprios filhos pequenos – fizeram comentários como: “Eu achava você tão estranho. Agora conheço a alegria e o cansaço de se ter filhos. Gostaria de ter dado esse passo mais cedo em minha carreira”.
Embora Christy e eu reconheçamos que criar filhos não é fácil, testemunhamos que nossa maior alegria na vida é encontrada em nossos filhos. O presidente Nelson prometeu: “conseguireis alegria e regozijo em vossa posteridade”.52 Sejam peculiares no exercício da fé para ter filhos, conforme aconselhou o presidente Nelson.
O amor de Deus
De todos os títulos que Deus pode legitimamente reivindicar, Ele convida Seus filhos a se dirigirem a Ele como Pai. Como jovem pai, passei a conhecer melhor meu Pai Celestial. Nosso primeiro filho tinha dois ou três anos e estava começando a aprender o que era certo e o que era errado. Certo dia, ele fez algo errado e eu fiquei um pouco chateado.
Então, ele correu para mim e me abraçou, dizendo: “Papai, me desculpe”.
Em um instante, meu desapontamento se dissipou. Naquele momento, tive uma nova compreensão do grande amor que o Pai Celestial tem por Seus filhos e filhas, e a rapidez com que Ele perdoa e esquece. O casamento e os filhos oferecem uma oportunidade de sentir o que nossos Pais Celestiais sentem.
Testifico do crescimento espiritual e da verdadeira alegria que advêm de se receber e ser fiel ao convênio supremo realizado na casa do Senhor – o de ser selado a um companheiro eterno – e então, se assim abençoados, de poder “[suscitar filhos] para o Senhor”.53
Fomos comprados por Jesus Cristo
Volto agora às duas perguntas que fiz a vocês há cerca de vinte minutos.
Discipulado a um custo
A primeira pergunta é: “Estou disposto a ser julgado como peculiar ou estranho aos olhos do mundo?” Se estiver, então devo superar os medos sociais ao escolher seguir Jesus Cristo. Se não nos envergonharmos de Jesus Cristo, Ele não se envergonhará de nós.54
O convite do Salvador para o discipulado prevê um custo: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me”.55 O custo de tomar nossa cruz pode incluir sermos julgados como um povo peculiar com um estilo de vida diferente.
Gostaria de salientar que não precisamos nos esforçar deliberadamente para sermos diferentes. Viver os mandamentos e guardar os convênios já nos tornará peculiares o suficiente. Mas não podemos nos dar ao luxo de nos concentrarmos somente em nós mesmos e limitarmos nossos relacionamentos apenas a membros da Igreja. Desejamos ser o tipo de pessoa com quem as pessoas que não são de nossa fé querem passar o tempo e, talvez, até mesmo, queiram ser mais parecidas.
O Presidente Nelson nos convidou:
sejam um destaque, sejam diferentes do mundo. (…)
(…) E se às vezes forem chamados de “esquisitos”, tomem para si essa declaração como algo honroso e fiquem felizes de ter sua luz brilhando neste mundo cada vez mais escuro!56
Comprados por um preço infinito
A segunda pergunta que os convidei a ponderar foi: “Estou disposto a me tornar um tesouro peculiar ou valioso pertencente ao Pai Celestial e a Seu Filho, Jesus Cristo?” Em caso afirmativo, escolherei obedecer à Sua voz e guardar Seus convênios, que incluem os da investidura do templo e do selamento matrimonial.
Enfatizo a inescapável centralidade da Expiação de Jesus Cristo para que nos tornemos Seu tesouro peculiar. Por mais rigorosos que sejam nossos esforços justos na tentativa de cumprir cada convênio, não podemos nos tornar esse tesouro por nós mesmos. Todos nós “[pecamos] e destituídos [estamos] da glória de Deus”.57 Precisamos seguir em frente com fé, “confiando plenamente nos méritos [e graça] daquele que é poderoso para salvar”.58
Paulo ensinou: “Fostes comprados por um preço”.59 Pedro explicou que o preço de nossa redenção foi “o precioso sangue de Cristo”.60 Vocês e eu somos o valioso tesouro de Jesus Cristo porque Ele nos comprou pelo preço infinito de Seu próprio sangue, derramado no Getsêmani e então, novamente, no Calvário.
Somos o tesouro de Deus
Se escolhermos guardar com alegria nossos convênios com o Senhor – e estivermos dispostos a ser julgados pelo mundo como um povo peculiar – então Jesus Cristo nos reivindicará como Seu tesouro peculiar ou valioso quando defender nossa causa perante o Pai.61
Meus queridos amigos da BYU, testifico que vocês são amados por seu Pai Celestial e por Jesus Cristo. Eles os conhecem pelo nome. Para nosso Pai e Seu Filho, vocês são de fato “a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa”, um povo que pertence a Deus. Vocês têm acesso ao grande poder Deles quando decidem guardar seus convênios.
Encerro com as palavras do então Élder Russell M. Nelson quando se dirigiu aos alunos da BYU há trinta anos. Ele declarou:
O fato de sermos identificados por servos do Senhor como Seu povo peculiar é um elogio da mais alta ordem. (…)
(…) Somos o tesouro de Deus, reservados para nosso lugar e época específicos.62
Presto testemunho de Jesus Cristo e de nosso profeta vivo. Expresso meu amor a cada um de vocês, o tesouro peculiar de Deus, em nome de Jesus Cristo, amém.
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Notas
- “Erguei-vos Cantando”, Hinos, 2002, nº 122.
- 1 Pedro 2:9; ênfase adicionada.
- Ver “povo peculiar”em Deuteronômio 14:2; 26:18; Tito 2:14; 1 Pedro 2:9. Ver “tesouro peculiar”em Êxodo 19:5; Salmos 135:4; Eclesiastes 2:8.
- Dicionário on-line Merriam-Webster, s.v. “peculiar”.
- Bruce R. McConkie, “The Ten Commandments of a Peculiar People” [Os Dez Mandamentos de um Povo Peculiar], devocional da BYU, 28 de janeiro de 1975.
- Russell M. Nelson, “A More Excellent Hope” [Uma esperança mais excelente], discurso no serão da BYU, 8 de janeiro de 1995.
- Nova Versão Internacional (NVI, 1995) de 1 Pedro 2:9; a revisão de 2011 da NVI diz: “posse especial de Deus”. Exemplos de traduções atualizadas incluem a English Standard Version (ESV): “um povo para sua própria possessão”; a New American Standard Bible (NASB): “um povo para a própria possessão de Deus”; e a New King James Version (NKJV): “Seu próprio povo especial”.
- Ver Francisca Alves, Diana Vieira Figueiredo e Paula Vagos, “The Prevalence of Adolescent Social Fears and Social Anxiety Disorder in School Contexts” [A prevalência de medos sociais em adolescentes e transtorno de ansiedade social em contextos escolares], International Journal of Environmental Research and Public Health 19, no. 19 (1 October 2022): 12458; doi.org/10.3390/ijerph191912458 (30 September 2022).
- Êxodo 19:5; ênfase adicionada. Veja a instrução similar e a bênção prometida registradas em Deuteronômio 26:16-19.
- Russell M. Nelson, “O que estamos aprendendo e que jamais esqueceremos”, A Liahona, maio de 2021; ver Doutrina e Convênios 82:14.
- Ver Mosias 18:10; ver também Doutrina e Convênios 20:37, 77.
- Ver Mosias 2:41.
- Ver João 14:15; 1 João 5:3.
- Ver João 14:21; 17:3; Mosias 5:13; Doutrina e Convênios 132:24.
- Ver Doutrina e Convênios 82:10; 130:20-21.
- Ver 1 Coríntios 6:19.
- Ver Doutrina e Convênios 89. Ver também “Palavra de Sabedoria e Práticas de Saúde”, Manual Geral: Servir em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, maio de 2024 (Salt Lake City: Igreja de Jesus Cristo, 2024), 38.7.14. Ver também a pergunta 11 em “Perguntas da entrevista de recomendação para o templo”, Manual Geral, 26.3.3.1.
- 2 Néfi 28:7, 8; ver também o versículo 9.
- Chris Petersen sobre os fãs da BYU durante o pré-jogo da FOX, citado por Mitch Harper em uma postagem de mídia social no X (@Mitch_Harper, 12 de outubro de 2024, 14h00 MDT).
- Doutrina e Convênios 89:19.
- Malaquias 3:10; ver versículos 7-12.
- Ver Doutrina e Convênios 97:10-16. Ver também a pergunta 10 em “Perguntas da entrevista de recomendação para o templo”, Manual Geral, 26.3.3.1.
- Ver Lin Gang, “The McKinsey Story”, Capital Markets Magazine (China), setembro de 2002, pp. 8-13.
- Russell M. Nelson, “O Dia do Senhor Deleitoso”, A Liahona, maio de 2015.
- Nelson, “O Dia do Senhor é Deleitoso”.
- Ver Doutrina e Convênios 63:16; 121:45.
- “Controle de natalidade” e ‘Castidade e fidelidade’, Manual Geral, 38.6.4 e 38.6.5.
- Por exemplo, ver Jacó 2:23, 28; Mosias 12:29; Alma 30:18; 3 Néfi 5:3.
- Alma 41:10.
- Ver “A Família: Proclamação ao Mundo” (23 de setembro de 1995).
- Lucas 22:32.
- Ver Mateus 19:19; 22:39; Marcos 12:31, 33; Lucas 10:27.
- Russell M. Nelson, “The Lord Uses the Unlikely to Accomplish the Impossible” [O Senhor usa o improvável para realizar o impossível], discurso devocional da BYU-Idaho, 27 de janeiro de 2015.
- 3 Néfi 20:26; ver também o versículo 25.
- Russell M. Nelson, “O Convênio Eterno”, A Liahona, outubro de 2022.
- Ver Russell M. Nelson, “Casamento Celestial”, A Liahona, novembro de 2008. Ver também Joseph Fielding Smith, Doctrines of Salvation [Doutrinas de Salvação], comp. Bruce R. McConkie, 3, p. 3. Bruce R. McConkie, 3 vols. (Salt Lake City: Bookcraft, 1954-56), 2:76-77.
- Gênesis 2:18; Abraão 5:14; ver também Moisés 3:18.
- “A Família: Proclamação ao Mundo”.
- “Sou um Filho de Deus”, Músicas, pp. 2-3.
- “Pode o Lar Ser Como o Céu”, Hinos, 2002, nº 189.
- “Com Amor no Lar”, Hinos, 2002, nº 188.
- Ver Alan J. Hawkins, Jason S. Carroll, Anne Marie Wright Jones e Spencer L. James, “Capstones vs. Cornerstones: Is Marrying Later Always Better?” [Conclusões vs. Fundamentos: Casar Mais Tarde é Sempre Melhor?], Report: 2022 State of Our Unions, National Marriage Project, BYU Wheatley Institute e BYU School of Family Life, 8 de fevereiro de 2022, wheatley.byu.edu/capstones-vs-cornerstones-is-marrying-late-always-better.
- Russell M. Nelson, “Ponha em Ordem Sua Casa”, A Liahona, novembro de 2001.
- Gênesis 1:28; Moisés 2:28; Abraão 4:28.
- Ver “A Família: Proclamação ao Mundo”.
- Ver “Controle de Natalidade”, Manual Geral, 38.6.4.
- Ver Tom Woodman, “Having a Child Is the Grandest Act of Climate Destruction” [Ter um Filho é o Maior Ato de Destruição Climática], Spectator, 16 de outubro de 2021, spectator.co.uk/article/having-a-child-is-the-grandest-act-of-climate-destruction.
- Doutrina e Convênios 104:17.
- Ver Parents Under Pressure: The U.S. Surgeon General’s Advisory on the Mental Health and Well-Being of Parents [Pais Sob Pressão: O Aviso do Cirurgião Geral dos EUA sobre a Saúde Mental e o Bem-Estar dos Pais], Office of the United States Surgeon General, Washington, DC, 28 de agosto de 2024, hhs.gov/sites/default/files/parents-under-pressure.pdf.
- Kim Parker e Rachel Minkin, “Public Has Mixed Views on the Modern American Family” [O Público Tem Opiniões Divididas sobre a Família Americana Moderna], Family and Relationships, Pew Research Center, 14 de setembro de 2023, p. 7; veja também as páginas 8 e 32, pewresearch.org/social-trends/2023/09/14/public-has-mixed-views-on-the-modern-american-family
- Por exemplo, ver Salmos 127:3-5; 2 Néfi 2:23; Moisés 5:10-11.
- Russell M. Nelson, “O Que Aprendemos de Eva”, A Liahona, janeiro de 1988.
- 1 Néfi 7:1.
- Ver Marcos 8:38.
- Marcos 8:34.
- Russell M. Nelson, em Russell M. Nelson e Wendy W. Nelson, “Juventude da Promessa”, devocional mundial para jovens, 3 de junho de 2018.
- Romanos 3:23.
- 2 Néfi 31:19.
- 1 Coríntios 6:20.
- 1 Pedro 1:19.
- Ver Doutrina e Convênios 45:3-5.
- Nelson, “A More Excellent Hope” [Uma esperança mais excelente]; ênfase no original.

Anthony D. Perkins, Setenta Autoridade Geral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, proferiu este discurso no devocional do dia 3 de dezembro de 2024.