Harmonia do corpo e do espírito: Uma chave para a felicidade | BYU Speeches Português
Devocional

Harmonia do corpo e do espírito: Uma chave para a felicidade

Bispo presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

13 de outubro de 2020

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A beleza verdadeira é o resultado de uma alquimia sutil e de um equilíbrio delicado, que em grande parte vem de nossa luz interior pessoal, e não apenas de critérios estéticos ou físicos.


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Meus queridos irmãos e irmãs, estou muito feliz por estar com vocês hoje nesta magnífica universidade com minha querida esposa, Valérie. Expressamos nosso amor ao Presidente e à Irmã Worthen e a cada um de vocês. Para o bispo presidente da Igreja, essas oportunidades de discursar são bastante raras, pois me sinto muito honrado e abençoado por ter esse privilégio de falar a vocês.

Hoje quero compartilhar alguns pensamentos sobre como construir a harmonia entre nosso corpo e nosso espírito, que é a chave para encontrarmos a verdadeira felicidade tanto em nossa existência mortal quanto na vida vindoura.

Recentemente assisti mais uma vez ao filme A Bela e a Fera. Eu realmente gosto deste filme – e não apenas porque ele se passa na França ou porque eu posso me identificar facilmente com o sotaque engraçado de Lumière!

Acredito que a Bela é muito semelhante a vocês. Ela é brilhante e independente, uma leitora ávida e ansiosa para aprender sobre o mundo. Ao mesmo tempo, frequentemente  ela se sente diferente das pessoas ao seu redor. Ela é abençoada por ter um espírito generoso e compassivo. Ela gosta da autenticidade e não tem interesses mundanos ou pelo que o Livro de Mórmon chama de “[as] coisas vãs do mundo”,1 seja poder, riqueza material ou obsessão pela aparência física.

Bela é aprisionada em um castelo assombrado por uma fera horrenda e repulsiva. Ele é nada menos que um jovem príncipe que, por causa de um feitiço, está preso no corpo de um monstro aterrorizante. Bela não julga a Fera e é capaz de ver além de sua aparência repugnante. Ela entende que seu caráter amargurado, seus modos rudes e seus impulsos raivosos são apenas uma fachada que esconde uma alma torturada que somente deseja amar.

Sob a influência tranquilizadora de Bela, uma transformação surpreendente ocorre na Fera, que começa nas profundezas de sua alma e, eventualmente, resulta em uma transformação física completa. Por causa do amor de Bela, o feitiço é quebrado e o jovem príncipe recupera sua aparência original, para a grande alegria das pessoas que vêm saudar seu novo rei e rainha.

Eu amo a mensagem subjacente do filme, que pode nos ajudar enquanto buscamos uma felicidade genuína e duradoura. Cada um de nós é composto de dois elementos: o corpo físico e o espírito. E essas duas partes de cada ser humano estão fortemente conectadas e têm uma relação muito íntima e recíproca. O corpo físico da Fera, com o qual o príncipe havia sido enfeitiçado, o tornava mal-humorado e antissocial, mas quando seu coração mudou e ele foi capaz de recuperar sua natureza alegre e sociável, sua aparência física também mudou.

Isso se aplica a todos nós. Nossa condição física pode influenciar profundamente nosso bem-estar espiritual. Por outro lado, nossa força espiritual e os sentimentos de nosso coração afetam profundamente nosso bem-estar físico. Em outras palavras, a bela harmonia que pode existir entre nossa natureza física e espiritual é uma condição importante para encontrarmos a verdadeira felicidade em nossa jornada mortal e nas eternidades vindouras.

Esse princípio importante está no cerne da doutrina ensinada por A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e é explicado na seção 93 de Doutrina e Convênios:

Pois o homem é espírito. Os elementos são eternos, e espírito e elemento, inseparavelmente ligados, recebem a plenitude da alegria;

E, quando separados, não pode o homem receber a plenitude da alegria.2

A escritura se refere à alegria que todos podemos sentir no momento de nossa ressurreição, quando nosso corpo e espírito estiverem unidos novamente. Creio que também se aplica à nossa existência mortal e à alegria e satisfação que podemos vivenciar quando há completa harmonia entre os lados espiritual e temporal de nossa natureza — o que resulta de estarmos em harmonia com o Senhor.

No mundo cristão, alguns acreditam que nosso corpo é um obstáculo para o crescimento de nosso espírito. Aqueles que têm essa perspectiva sentem que devemos manter nossa vida livre da contaminação de elementos físicos, que eles veem como fundamentalmente carnais e malignos. Certamente, como Alma ensinou a seu filho Coriânton,

todos os homens que estão num estado natural ou, em outras palavras, num estado carnal, encontram-se no fel da amargura e nos laços da iniquidade; vivem sem Deus no mundo e seguiram caminhos contrários à natureza de Deus; por conseguinte, estão num estado contrário à natureza da felicidade.3

Mas o simples fato de sermos seres físicos não significa que sejamos condenados a sermos carnais e maus.

A revelação moderna, conforme expressa por Hugh B. Brown, antigo membro da Primeira Presidência, esclarece “que a matéria não é essencialmente má, mas que seu propósito é servir o espírito. () Há uma relação benéfica e eterna entre o espírito e o elemento”.4 Na realidade, o espírito não pode ser aperfeiçoado sem o corpo. O Presidente Joseph F. Smith disse: “O espírito sem o corpo não é perfeito, não está capacitado, sem o corpo, para possuir a plenitude da glória de Deus e, portanto, não pode, sem o corpo, cumprir seu destino”.5

Deus e Seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, são seres imortais e glorificados investidos de um corpo de carne e ossos. E é por meio dessa mesma condição da união perfeita e eterna entre corpo e espírito que também podemos um dia nos tornar seres exaltados. O propósito de nossa vida, portanto, não é negar nossa natureza física, mas colocá-la em harmonia com nosso espírito.

Meus queridos irmãos e irmãs, convido-os a fazer uma pequena introspecção. Qual é a relação entre sua natureza física e espiritual? Como elas se influenciam mutuamente? Como vocês podem construir harmonia entre esses dois lados de si mesmos?

Vamos analisar alguns princípios que acredito que vão guiá-los ao responder a essas perguntas importantes.

1. Nossa força espiritual influencia nosso bem-estar físico

Sufocar, sentir-se oprimido, estar com os nervos à flor da pele, ter um embrulho no estômago, dar pulos de alegria ou estar radiante – todas essas expressões fazem referência certa à constante inter-relação entre o espírito e o corpo. Nossos pensamentos, sentimentos e emoções mais íntimos se traduzem, na maioria das vezes, em sensações físicas, sejam elas positivas ou negativas.

Assim como eu, vocês devem ter notado que a bondade irradia certo tipo de beleza.  Não é extraordinário que nossos sentimentos nobres se manifestem em nossa aparência física? Aqueles que têm um coração puro e caridoso têm um semblante encantador que é amável, agradável e atrai as pessoas para eles. Não estou falando da beleza como definida pelo mundo, que valoriza apenas a perfeição da forma externa e desconsidera o espírito interior. Em vez disso, estou falando da beleza que as pessoas irradiam por causa de sua integridade interior.

Gostei do que Victor Hugo disse:

Nenhuma graça exterior é completa a menos que seja vivificada pela beleza interior. A beleza da alma se espalha como uma luz misteriosa sobre a beleza do corpo.6

Há alguns anos, nossa família passou alguns dias em Domaine des Écureuils. É uma pousada com café da manhã situada no coração de um belo parque em Dordogne, uma região charmosa no sudoeste da França. Quando chegamos, ficamos encantados com a beleza que fluía da antiga estrutura de pedra cercada por árvores majestosas e canteiros perfumados. Imediatamente nos sentimos em paz e felizes, como se estivéssemos no meio de um pequeno paraíso.

No dia seguinte, ao observar o ambiente mais de perto, comecei a ver algumas imperfeições. Algumas paredes estavam caindo aos pedaços, o alinhamento das pedras era imperfeito e precário, e aqui e ali a vegetação tinha saído dos vasos para subir ao longo das paredes e escadas. Apesar de tudo, um espírito de paz e uma luz incrível fluíram da cena, tornando-a um cenário harmonioso, quase idílico. A verdadeira beleza não estava na perfeição das formas físicas; ao contrário, estava na pureza, na harmonia, no brilho e na luz que emanavam delas.

Em nossa jornada pela vida, devemos ter cuidado para não ceder às normas que o mundo quer impor a nós. A beleza verdadeira é o resultado de uma alquimia sutil e de um equilíbrio delicado, que em grande parte vem de nossa luz interior pessoal, e não apenas de critérios estéticos ou físicos.

Li recentemente o relato notável da vida do escritor francês Jacques Lusseyran.

Aos sete anos de idade, Jacques caiu enquanto estava na escola e bateu na quina da mesa do professor. O impacto violento causou lesões graves em seus olhos, deixando-o completa e permanentemente cego.

Jacques escreveu mais tarde:

Ser cego não era de forma alguma como eu imaginava. Pessoas me disseram que ser cego significava não ver. Porém eu vi. Não de imediato, admito. Não nos dias imediatamente após a operação.

Mas com o tempo, eu tinha consciência de um brilho. Havia luz junto com a alegria.7

À medida que Jacques crescia, por causa de sua cegueira, ele adquiria o que ele chamava de um “senso pelas pessoas”.8 Esse senso o ajudou a ver as pessoas por meio do tom de voz.

Este dom tornou-se vital quando ele tinha 15 anos de idade e o regime nazista ocupou Paris em junho de 1940. Embora muito jovem, ele e seus amigos formaram um movimento de resistência clandestino. O grupo escolheu Jacques para ser seu líder.

Sobre aquela época, Jacques escreveu:

Todos os dias, inclusive aos domingos, eu me levantava antes do nascer do sol. A primeira coisa que fazia era me ajoelhar e orar: “Meu Deus, dá-me a força para guardar minhas promessas. Agora que vinte rapazes estão esperando minhas ordens, diz-me quais ordens dar-lhes. Sozinho, não sei fazer quase nada, mas se tu quiseres, sou capaz de fazer quase tudo”.9

Todos os que foram indicados para participar do movimento tinham que se encontrar primeiro com “o cego”.10 Jacques ouviria não tanto suas palavras, mas suas almas. Em um ano, essa organização de 20 pessoas cresceu para mais de 600.

Havia apenas um homem que ele admitiu ao movimento do qual não tinha certeza absoluta de sua lealdade, e foi esse homem que mais tarde os traiu. Jacques e seus companheiros foram presos pela Gestapo em 1943. Eles foram mandados para Buchenwald com 2.000 outros franceses. Apenas 30 desses 2.000 estavam vivos quando o acampamento foi libertado. Jacques tinha 20 anos.

Jacques havia passado por um dos períodos mais sombrios da história moderna e estava à beira da morte. Não obstante, ele escreveu:

Não tenho uma única lembrança ruim daqueles 330 dias de miséria extrema. Fui carregado por uma mão. Fui coberto por uma asa. Tornei-me livre agora para ajudar os outros.

Eu poderia tentar mostrar a outras pessoas como apegar-se à vida. Eu podia direcionar para eles a corrente de luz e alegria que se tornara tão abundante em mim.11

Jacques era como aqueles de quem Isaías falou: “O povo que andava em trevas viu uma grande luz”.12 Todos podemos aprender a viver por essa luz, pois, como o Senhor ensinou: “E se vossos olhos estiverem fitos em minha glória, todo o vosso corpo se encherá de luz e em vós não haverá trevas; e o corpo que é cheio de luz compreende todas as coisas”.

Assim como Jacques, todos podemos encontrar dentro de nós os recursos espirituais necessários para desenvolver e magnificar nossas habilidades físicas. Alguns de nós podem estar sofrendo com doenças ou outras adversidades físicas. Muitos, se não a maioria de nós, olham-se no espelho e veem algo de que não gostam.

Por favor, não permitam que imperfeições físicas os definam. Fortalecer sua luz interior deve ser seu foco. Ao fazer isso, vocês desenvolverão uma beleza interior que irradia em sua aparência exterior, melhora seu bem-estar físico, revigora seus sentidos naturais e faz de vocês uma pessoa mais feliz.

2. Nossa aparência física impacta nossa espiritualidade e a daqueles ao nosso redor

A crença popular é que “a roupa não faz o homem”. No entanto, nossa aparência exterior não é insignificante. A maneira como cuidamos de nosso corpo, a maneira como nos vestimos e como nos comportamos, tudo isso tem uma influência significativa em nossa espiritualidade pessoal e, portanto, impacta as pessoas ao nosso redor.

Não é por acaso que temos diretrizes rotineiras na Igreja para nos ajudar a preservar nossa espiritualidade em relação à nossa aparência física. Por exemplo, missionários e universitários da Igreja, como vocês, recebem diretrizes referentes à maneira como vocês se vestem e sua aparência física. Os jovens da Igreja são incentivados a seguir os princípios contidos na Força dos jovens, que tratam de várias questões práticas, como vestuário e aparência, linguagem, música e dança e saúde física.

Em sua primeira epístola aos coríntios, Paulo escreveu:

Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós (…) ?

(…) Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.

Glorificar a Deus em nosso corpo significa colocar nossa aparência e nosso comportamento externos em sintonia com nossos mais elevados desejos espirituais. Ao fazer isso, permitimos que o Espírito de Deus resida em nós. O Espírito nos ilumina, e nos tornamos uma luz para outras pessoas.

Fiquei emocionado com a história pessoal que me foi contada por Shawn, um ex-irmão ministrante de nossa família. Shawn cresceu em uma família de membros da Igreja que eram menos ativos e, durante sua juventude, quase nunca frequentou a igreja. Depois de se formar no Ensino Médio, ele começou a frequentar a Universidade de Utah e a viver o estilo de vida despreocupado de um jovem mundano. Ele foi abençoado por conseguir um emprego de meio período limpando janelas em um prédio de escritórios todas as noites. O edifício ficava na rua em frente ao Templo de Salt Lake.

Enquanto limpava os vidros das janelas, Shawn geralmente tinha uma visão que dava para o templo, e ele começou a observar e prestar atenção nas pessoas que saíam do templo. Ele ficou impressionado com o semblante daquelas pessoas. Todos estavam vestidos com suas melhores roupas de domingo e tinham expressões de paz no rosto. Pareciam cheios de alegria e luz. Muitas vezes ele se perguntava o que eles estavam fazendo dentro do templo que os deixava tão alegres quando saíam.

Em contraste, Shawn adquiriu o hábito de ir a uma boate de estudantes várias noites por semana. Essa boate não era um lugar calmo ou sereno. O ambiente era muitas vezes turbulento, com cheiro de álcool e dominado pelas conversas barulhentas dos clientes. Certa noite, enquanto ele estava sentado à mesa com amigos, o grupo teve a ideia de colocar uma fotografia do Templo de Salt Lake na parede. Eles começaram a jogar dardos na imagem, acompanhados de seus insultos e palavras de ódio. Shawn começou a se sentir extremamente desconfortável. Algo o inspirou a se levantar e sair daquele ambiente iníquo.

Quando seus amigos lhe perguntaram por que ele estava indo embora, sem hesitar, ele disse: “Um dia espero ter uma família. E se algum dia eu for abençoado com filhas, espero que nenhuma delas se case com caras como vocês!”

Veio mais uma pergunta: “Para onde você acha que está indo?”

Ele se virou para o grupo, apontou para a foto do templo na parede e disse: “Estou indo para lá”.

Em seguida, ele deixou a boate enquanto eles o insultavam e zombavam. Quando entrou no carro, respirou fundo e, naquele exato momento, soube exatamente o que precisava fazer e aonde precisava ir. Em poucas semanas, voltou para a Igreja e decidiu servir missão de tempo integral.

Hoje, Shawn é o pai feliz de uma família profundamente ancorada no evangelho. Quando seus amigos perguntam o que lhe deu coragem para abandonar seu estilo de vida anterior, ele responde sem hesitar: “Foi o Espírito que senti quando olhei para a casa do Senhor e observei a vestimenta e o semblante das pessoas que saíam dela”.15

Meus jovens irmãos e irmãs, incentivo-os a prestar muita atenção à imagem física e à aparência que apresentam ao mundo. Isso pode influenciar diretamente sua vida espiritual e a vida das pessoas ao seu redor.

3. O Senhor reconhece a importância dos princípios temporais e espirituais

Devido à interação constante que existe entre os aspectos temporais e espirituais de nossa vida, não é surpreendente que a Igreja não apenas ensine princípios espirituais, mas também dê conselhos a respeito dos aspectos mais práticos de nossa vida diária.

Os ensinamentos da Igreja incluem muitos mandamentos e princípios da natureza espiritual e temporal, como a Palavra de Sabedoria, o dízimo, a lei do jejum, a necessidade de educação e emprego, o tratamento adequado das finanças familiares, a preparação para emergências, o armazenamento de alimentos e muitos outros. A seção 88 de Doutrina e Convênios até inclui conselho sobre como devemos cuidar do sono, declarando: “Cessai de ser ociosos; cessai de ser impuros; cessai de achar faltas uns nos outros; cessai de dormir mais que o necessário; recolhei-vos cedo, para que não vos canseis; levantai-vos cedo, para que vosso corpo e vossa mente sejam fortalecidos”.16

Permitam-me enfatizar dois princípios importantes do evangelho que dizem respeito à maneira como respeitamos nosso corpo. Esses princípios podem ter um enorme impacto em nosso bem-estar mortal e em nosso destino eterno.

Cuidar de sua saúde

O Manual geral da Igreja declara:

O Senhor ordenou que os membros mantivessem saudáveis o corpo e a mente. Eles devem obedecer à Palavra de Sabedoria, comer alimentos nutritivos, exercitar-se regularmente, controlar o peso e ter um sono adequado. Devem banir substâncias ou práticas que prejudiquem o corpo ou a mente e que causem dependência. Devem adotar bons hábitos de higiene e limpeza e providenciar cuidados médicos e odontológicos adequados.17

Alguns de vocês podem pensar que, como pessoas jovens, estão imunes a problemas físicos. Pelo contrário, os hábitos que vocês estabelecerem agora em relação ao seu bem-estar pessoal vão impactá-los tanto temporal quanto espiritualmente pelo resto de sua vida. Seu foco não deve ser seguir as vãs tendências do mundo. Não é simplesmente uma questão de perder um pouco de gordura aqui ou ali ou levantar mais de dez quilos de peso para parecer tão musculoso quanto seu companheiro de quarto! A meta é sentir-se melhor e encontrar um equilíbrio temporal e espiritual. Isso lhes dará a melhor chance de ter uma vida inteira de boa saúde, o que, por sua vez, lhes trará alegria e confiança em suas habilidades mortais e uma melhor consciência de seu potencial eterno.

Ser sexualmente puro

Meus jovens amigos, seu corpo foi abençoado com o poder sagrado de dar vida. Como o Presidente Boyd K. Packer tão maravilhosamente disse:

A capacidade de gerar outras vidas é uma bênção sublime. (…) Esse poder não é uma parte casual do plano de felicidade. É o ponto-chave desse plano, precisamente o ponto-chave.

A escolha entre o uso desse poder, conforme exigem as leis eternas (…) determinará para sempre [quem alguém] se tornará.18

A intimidade física entre um homem e uma mulher pode ser uma experiência bela e maravilhosa quando acontece dentro dos laços do casamento estabelecidos pelo Senhor. No entanto, poucas experiências terrenas exigem mais esforço do que isso: manter os impulsos físicos naturais em harmonia com as aspirações profundas da alma.

Ninguém pode declarar: “Seguirei ao Senhor com todo o meu coração” e, ao mesmo tempo, afirmar: “Posso fazer o que quiser com meu corpo”. Essas duas coisas estão intimamente ligadas. A maneira como vocês usam ou abusam do poder sagrado da procriação será um fator-chave para determinar sua felicidade e seu progresso espiritual tanto nesta vida quanto nas eternidades vindouras.

Peço-lhes que permaneçam sempre sexualmente puros e canalizem suas paixões naturais dadas por Deus para o serviço de suas mais altas aspirações espirituais. Nenhum prazer imediato justifica colocar em risco as promessas eternas que vocês tanto prezam. Nenhuma satisfação passageira é válida se comprometer a confiança depositada em vocês por seu Pai Celestial e por seu cônjuge atual ou futuro.

Lembrem-se de que um dos objetivos essenciais de nossa existência terrena é que nosso espírito assuma o controle dos elementos físicos de nossa vida para que ambos possam trabalhar em harmonia para servir a propósitos maiores e eternos. É uma das condições que devemos cumprir para encontrar a verdadeira felicidade nesta vida e herdar a glória eterna.

No final do conto escrito de A Bela e a Fera, quando a Fera se transforma em um belo príncipe, uma fada aparece e sussurra para Bela estas palavras maravilhosas:

“Bela (…) venha e receba a recompensa de suas escolhas sensatas. Você preferiu a virtude à argúcia ou à beleza, e merece achar uma pessoa na qual todas essas qualidades estão unidas. Você será uma grande rainha”.19

Sei que Deus e Seu Filho, Jesus Cristo, vivem e nos amam com um amor infinito. Ao escolherem a virtude como o padrão pelo qual vocês colocam em harmonia suas heranças físicas e espirituais, vocês se qualificarão para um dia se tornarem reis e rainhas no reino eterno preparado por nosso Pai Celestial e receber “de sua plenitude e de sua glória”.20 Esse é o maior desejo Dele para vocês. Disso presto testemunho, em nome de Jesus Cristo. Amém.

Notas

1. Alma 5:53.

2. D&C 93:33–34.

3. Alma 41:11.

4. Hugh B. Brown, em Conference Report, abril de 1957, 104.

5. Joseph F. Smith, em JD 19:259–60 (11 de abril de 1878).

6. Victor Hugo, em Victor Hugo’s Intellectual Autobiography (Postscriptum de Ma Vie [1901]), trad. Lorenzo O’Rourke (New York: Funk e Wagnalls, 1907), p. 397.

7. Jacques Lusseyran, em “Revelação da luz”, capítulo 2 em Memórias de vida e luz: A autobiografia de um Herói Cego da Resistência Francesa,  Nota do tradutor: esta citação foi traduzida pela equipe de tradução da BYU Speeches

8. Lusseyran, em “The Plunge into Courage”, capítulo 10 em Memórias de vida e luz, p. 169.

9. Lusseyran, em “The Plunge into Courage”, p. 162.

10. Lusseyran, em “The Plunge into Courage”, p. 169.

11. Lusseyran, em “The Living and the Dead”, capítulo 15 em Mémorias de vida e luz, p. 282.

12. Isaías 9:2

13. D&C 88:67.

14. 1 Coríntios 6:19-20.

15. Conversa pessoal.

16. D&C 88:124.

17. “Saúde“, Manual Geral: Servir em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Julho de 2020 (Salt Lake City: Igreja de Jesus Cristo, 2020), 22.1.1.1 (p. 159), ChurchofJesusChrist.org. Nota do tradutor: esta versão do manual não é mais usado pela Igreja. O manual atualizado pode ser encontrado na site da Igreja.

18. Boyd K. Packer, “Limpar o vaso interior”, Liahona, novembro de 2010.

19. Jeanne-Marie Leprince de Beaumont, A Bela e a Fera (La Belle et la Bête [1756]), último parágrafo. Tradução por editorawish.com.br.

20. D&C 76:56.

Gérald Caussé

Gérald Caussé, bispo presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, deu este discurso de devocional em 13 de outubro de 2020.