Devocional

Alçando voos mais altos: substituir o medo por uma paz duradoura

Professora associada da Faculdade de Contabilidade da BYU

14 de julho de 2021

Áudio
0:00/25:37
Fazer download
Reproduzir
0:00
Vídeo completo
Link do discurso foi copiado

Oro para que mantenhamos nosso olhar elevado, para que possamos ver nossas provações através das lentes de seu propósito, para que possamos nos tornar mais como Cristo e alcançar a vitória eterna. Ao fazermos isso, nossos corações se encherão de paz, em vez de medo.


Bom dia, amigos. É verdadeiramente um milagre que eu esteja aqui hoje, animada para compartilhar meu testemunho de Jesus Cristo e de Seu maravilhoso evangelho. Há apenas oito anos, eu ainda não era membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Na verdade, minha vida era um tanto quanto complicada. Muitas vezes, sentia que estava afundando. Antes de compreender o plano do evangelho,1 algo que eu costumava dizer com frequência era: “Não consigo lidar com isso!” Eu só me preocupava com resultados. Eu não compreendia meu propósito nem o objetivo final. Então, em meu momento mais difícil, enquanto passava por um divórcio, lembrei-me de histórias da Bíblia que minha mãe tinha me ensinado, e, em meu desespero, clamei a Jesus.

Hoje, sete anos após ter sido batizada, ainda tenho dificuldades em minha vida. Mas, graças a Jesus – meu Salvador –, sinto-me confiante em minha habilidade de continuar nadando, continuar tentando, não importa quão agitadas sejam as águas. A lente do evangelho direcionou o meu olhar para a eternidade e me ajudou a ver meu propósito. A maneira como a minha vida se transformou em apenas oito anos parece tão grande que mal dá para acreditar, e isso se deve inteiramente a Jesus Cristo. Se estivermos dispostos, Ele pode fazer grandes mudanças em nós que fortalecem nossa fé e refinam nosso caráter, colocando-nos no caminho que leva à vida eterna – à vitória eterna. 

Não estou dizendo que sei ou entendo todas as coisas, mas sei que meu Pai Celestial me ama e vê o fim desde o princípio.2  Por isso, confio Nele para guiar meus passos, e isso me traz paz. Caros colegas, alunos e todos que estiverem na audiência- saibam que compreender e se esforçar para alcançar seu propósito eterno – a vitória eterna – conduz à paz em todas as circunstâncias, uma poderosa paz que é capaz de afastar o medo. 

Lições de minha família

Para ajudá-los a compreender como eu sei que isso é verdade, preciso contar-lhes mais sobre as minhas origens – minha maravilhosa família. Admiro cada um dos membros de minha família. Embora eles não compartilhem de meu testemunho do evangelho restaurado, meus irmãos, minha mãe e alguns outros membros da família compartilham um amor pelo Salvador. Meus avós eram “Okies”, um termo pejorativo usado para descrever pessoas em situação de pobreza que se mudaram do estado de Oklahoma para o oeste, após a Grande Depressão, em busca de uma vida melhor. Esse era um termo de desdém atribuído aos trabalhadores rurais pobres. Apesar disso, minha avó diz que ela tem orgulho de ser uma Okie. Ela tem orgulho de onde veio. Eu também tenho orgulho de minhas raízes e de meus avós. Eles me ajudaram a desenvolver resiliência.   

A origem de meus avós foi de recursos econômicos escassos e status social limitado. No entanto, apenas duas gerações depois, sou uma mulher confiante, com um doutorado, que tem a atenção de centenas de alunos todos os anos – e ainda mais hoje. Minha irmã é uma enfermeira talentosa que administra programas em todo o oeste dos Estados Unidos. Ela é uma esposa e mãe dedicada que criou dois filhos excepcionais. Meu irmão é chefe de batalhão do Corpo de Bombeiros de Fresno, na Califórnia. Ele é dedicado às suas duas filhas (que são cheias de luz), à sua linda esposa e à sua comunidade. Como isso é possível? Como nossa família pode passar de Okies a edificadores comunitários em tão pouco tempo? Como a pobreza pode ser erradicada de uma família em duas gerações? Há dois princípios que nos ajudaram. Em minha família, aprendemos a (1) trabalhar arduamente e (2) ser responsáveis.

Vamos considerar primeiro o trabalho árduo. Em nossa família, o trabalho árduo não era apenas valorizado, mas também apreciado. Todos os sábados, eu tinha que realizar trabalho braçal com uma atitude positiva durante horas. Aprendi a amar os benefícios do trabalho árduo, o que me preparou para amar o progresso – uma parte integral do plano do evangelho. O Élder D. Todd Christofferson ensinou que “o trabalho edifica e refina o caráter, cria beleza e é o instrumento de nosso serviço ao próximo e a Deus. Uma vida consagrada é cheia de trabalho”.3 As circunstâncias difíceis não precisam nos impedir de progredir. Com a visão de um futuro melhor e a disposição de trabalhar arduamente, apesar das dificuldades, podemos mudar o curso de nossa vida e ajudar outras pessoas em nossas famílias e comunidades a fazer o mesmo.4 

O segundo princípio que minha família me ensinou é a responsabilidade. Minha avó, Betty, não via a sua vida como o resultado arbitrário de circunstâncias injustas. Ela acreditava que era sua responsabilidade fazer o possível para construir a vida que desejava viver. Suas escolhas refletiam essa crença. Para ser clara, não há nenhum princípio que prometa que todo o nosso trabalho árduo e nossas boas escolhas nos levarão aos resultados de curto prazo que desejamos; essa não é a natureza de nossa provação mortal. Em vez disso, responsabilidade é entender que nossas ações mudam a distribuição dos possíveis resultados de curto prazo e que elas podem garantir o resultado de longo prazo.5

O amor de minha família pelo trabalho árduo e seu compromisso com a responsabilidade me prepararam para progredir. Por exemplo, sem trabalho árduo e responsabilidade, eu nunca poderia ter feito um doutorado enquanto criava meus filhos, e certamente nunca poderia ter me tornado campeã nacional de salto com vara da Primeira Divisão da NCAA [Associação Nacional de Atletismo Universitário]!

Encontrar a paz duradoura: A minha história

Como podem ver, eu já estava vivendo alguns dos princípios do evangelho e sendo abençoada por eles. No entanto, apenas trabalho árduo e responsabilidade não foram suficientes para trazer paz quando os problemas e decepções surgiram. Quando os resultados que eu desejava  – e para os quais tinha trabalhado duro – não ocorreram, a angústia e o medo se infiltraram, roubando a minha paz.

Minha mãe criou nossa família seguindo valores tradicionais cristãos. Eu cresci acreditando em Deus e em Jesus, e adorava os momentos em que sentia o Espírito. Mas, por diversas razões, a religião não me atraía quando eu era uma jovem adulta. Decidi que eu seria uma boa pessoa – a melhor que pudesse ser – sem nenhum tipo de adoração formal a Deus. Parei de ler as escrituras e orar regularmente. E assim começaram os meus 10 anos de declínio espiritual. 

Durante aqueles 10 anos, eu escolhi uma situação conjugal desafiadora. Nós dois somos boas pessoas, mas não formávamos uma boa equipe. Ficamos casados por nove anos e tivemos dois filhos maravilhosos antes do fim do casamento.

O divórcio é brutal; é doloroso para toda a família. Foi a primeira vez que senti que havia falhado em algo que realmente importava. Fiquei tão decepcionada comigo mesma e frustrada com o resultado ruim. Chorava todos os dias ao acordar e todas as noites ao ir para a cama. Tive um ataque de pânico muito público. O divórcio teve consequências reais e duradouras, especialmente para meus filhos, Elijah e Katherine, e meu coração se partiu por eles.

Como já contei a vocês, foi durante esse período triste que me lembrei das histórias que minha mãe tinha me ensinado – histórias sobre Jesus e Seu amor. Clamei a Ele por ajuda e logo comecei a sentir o conforto de que precisava. Aquele ano de transformação permitiu que me tornasse intimamente ligada ao nosso Salvador, Jesus, porque Ele me carregou durante todo o processo.

Para me recuperar após o divórcio, fiz o que sabia fazer – orar e ler a Bíblia – atividades que não praticava há mais de dez anos. Fiz terapia. Tentei perdoar e ser misericordiosa com os outros. Após alguns anos, tinha progredido bastante no desenvolvimento da minha fé, mas sentia que havia mais.

Tiago é meu livro favorito da Bíblia. Ele começa com esta promessa: Se nos falta sabedoria e pedimos a Deus, ela nos será dada.7

Vocês podem imaginar minha emoção quando, apenas um ano depois, descobri que Joseph Smith também amava o livro de Tiago e que suas palavras também o haviam inspirado. Mas, naquele momento, essa descoberta ainda estava longe de acontecer.

Por muito tempo, li Tiago diariamente – todos os cinco capítulos. Esses capítulos me ensinaram o que é a religião pura e como reconhecer a sabedoria que vem do alto.8 Minha fé cresceu, mas senti que havia mais por vir.

Depois de estar divorciada por cerca de dois anos, orei de maneira diferente certa noite. 

Orei por uma família que fosse uma luz para o mundo. 

Orei por um casamento centrado em Jesus Cristo. 

Orei para que nós, como família, vivêssemos verdadeiramente uma vida consumida por Cristo. 

Orei pela santificação por meio da unidade familiar. 

O que havia de diferente nessa oração não eram as coisas pelas quais orei. Eu orava por essas coisas com frequência. A diferença nessa oração foi que expressei minha total disposição de trilhar qualquer caminho que fosse requerido de mim. Eu disse ao Pai Celestial que, se Ele me mostrasse o caminho, eu me “comprometeria antecipadamente” a segui-lo. Eu estava preparada para fazer um convênio.

Depois de dizer essas palavras, fui imediatamente tomada pelo medo. E se fosse difícil? E se eu tivesse que abrir mão de algo ou mudar minha vida? E se as pessoas zombassem de mim? Ponderei sobre essas consequências e então considerei como era minha vida com apenas uma luz parcial e disse ao Pai Celestial: “Farei o que for necessário. Mostre-me o caminho”.

Imediatamente senti os céus se abrirem e recebi revelação pessoal de uma maneira completamente nova. Recebi uma forte confirmação de que receberia mais luz e que me casaria naquele ano! (Isso parecia incrível, pois eu não tinha tido nenhum encontro desde o divórcio.)

Suspeito que o Pai Celestial respondeu à minha oração com a promessa de luz adicional porque eu havia me tornado muito mais humilde devido às minhas recentes provações. Metaforicamente falando, eu estava erguendo minha bandeira branca, pronta para entregar minha vida à vontade Dele. As escrituras nos ensinam que, se formos humildes, o Senhor nos guiará pela mão e responderá às nossas orações.9

Imediatamente comecei a procurar por mais luz – e a ir a alguns encontros. No meio do ano, quando as promessas ainda não haviam se cumprido, comecei a me perguntar como elas seriam cumpridas (E quando! O tempo estava se esgotando). Então conheci o Marc.

A primeira vez que saí com o Marc, eu disse: “Não sei em que você acredita, mas eu acredito em Jesus Cristo e nunca vou abrir mão disso”. Eu dizia isso na maioria dos meus primeiros encontros, e a resposta geralmente era estranha ou até negativa. No entanto, continuei a declarar meu amor pelo Salvador porque já havia me comprometido a segui-Lo. Ser seguidora de Jesus Cristo é uma parte fundamental da minha identidade e era a primeira característica que eu queria compartilhar.

A resposta do Marc foi diferente das que eu normalmente recebia: ele sorriu e disse calmamente que também amava o Salvador. Sua resposta humilde, mas confiante, me intrigou. 

Nosso primeiro encontro oficial durou dezoito horas. Eu sabia que ele era a resposta à minha oração, mas não conseguia aceitar o fato de que ele era membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e eu não. Não era assim que eu esperava que minha oração fosse respondida. 

Nos primeiros meses de namoro, muitas vezes eu queria discutir nossas diferenças religiosas, e o Marc sabiamente dizia: “Nós vamos, mas ainda não”. Ele me deu tempo para conhecê-lo e ver seu caráter antes de discutir nossas diferentes crenças. Eu o observei cuidadosamente, notando sua forte fé, sua bondade, sua ética de trabalho, seu compromisso em fazer o bem e o poder de suas orações.10

Depois de alguns meses, o Marc me convidou para assistir à conferência geral com ele. Eu disse que iria, mas que não poderia quebrar a promessa que havia feito ao Pai Celestial. Eu estava intrigada com os frutos que havia visto no Marc (e em outras pessoas) e estava disposta a considerar a Igreja como a possível fonte de sua bondade. Mas se eu não sentisse Deus nela, não poderia fingir o contrário – por mais que gostasse do Marc. Eu sabia como reconhecer a voz do meu Pai e só iria aonde Ele me guiasse.

Naquela manhã de domingo, quando ouvi o presidente Thomas S. Monson falar, soube que suas palavras eram verdadeiras, e isso me surpreendeu.11 Quem era esse homem cujas palavras penetraram minha alma? Naquela noite, começamos a ler o Livro de Mórmon juntos, com duas regras. Primeiro, antes de ler, orávamos para que o Espírito nos acompanhasse. Segundo, nos comprometemos a discutir abertamente todas as questões, mas sem contenda. Queríamos que o Espírito de Deus nos ensinasse, então tentamos criar um espaço no qual Ele pudesse estar confortavelmente presente.

O processo de conversão não foi linear para mim. Eu estava muito motivada e animada para aprender, mas quando tinha dúvidas significativas ou ouvia críticas contra o evangelho restaurado, sentia um medo intenso. Mesmo assim, continuei em frente e, pouco a pouco, à medida que nós líamos e eu orava, comecei a sentir paz. Encontrei-me com os missionários, e eles me ensinaram coisas que eu sentia que já sabia, mas havia esquecido. Fiz perguntas para esclarecer dúvidas. Fiz perguntas difíceis. Ao estudar com um coração receptivo – e com disposição para fazer o trabalho que Deus exigia de mim – minhas perguntas foram respondidas. Um dia, as evidências se tornaram mais claras. Eu sabia que estava à beira de algo incrível.12 Eu sabia que meu Pai Celestial estava me mostrando o caminho – o caminho que eu já havia me comprometido a seguir.

Quando fui batizada em 25 de janeiro de 2014, prometendo tomar sobre mim o nome de Jesus Cristo, senti-me cheia de poder. A clareza e a energia que vieram de meus convênios me surpreenderam. Pude ver o caminho claramente pela primeira vez e fiquei entusiasmada para segui-lo. Pude discernir o próximo passo e compreender mais plenamente o que minha família precisava. Eu tinha acesso ao céu, e esse poder encheu meu coração de amor. O Élder Christofferson ensinou que “a fonte [de tal poder ] é Deus. O acesso que temos a esse poder é por meio dos convênios feitos com Ele”.13 Posso testificar que essas palavras são verdadeiras. Há poder nos convênios.

O Marc e eu nos casamos dois meses depois e fomos selados no Templo de Salt Lake City cerca de um ano depois disso. Se Deus tivesse me chamado para permanecer solteira e criar meus filhos no evangelho sem a ajuda de um marido, sei que Ele teria me dado o poder e a fé necessários, e eu teria seguido esse caminho também. No entanto, sou muito grata pelo meu casamento, porque ele me ajuda a tornar-me mais como Cristo. Preciso de ajuda para aprender a viver o evangelho, e tem sido divertido aprender com o Marc. Quando as coisas ficam difíceis (e elas sempre ficam), lembramos um ao outro de olhar para cima. É disso que todos precisamos: um amigo que nos ajude a direcionar nosso olhar para a eternidade.

Tornar-se como Cristo

Hoje compartilhei parte da minha história, não porque seja particularmente interessante, mas porque alguns dos desafios que enfrentei são comuns à mortalidade e muitos de vocês podem se identificar com eles. Por meio dessas experiências, da oração, do estudo das escrituras e do Espírito, aprendi qual é o meu propósito na Terra – que é também o propósito de vocês.

O propósito desta vida é escolher tornar-se como Cristo – aproximar nosso caráter ao Dele. No final do Livro de Mórmon, Morôni nos exorta a sermos cheios do amor de Cristo para que possamos “[nos tornar] filhos [e filhas] de Deus; [para] que quando [Jesus] aparecer, sejamos como ele. . . [purificados assim] como ele é puro”.14

Esse processo de nos tornarmos como Cristo não pode acontecer em um instante – essa obra milagrosa de transformação leva tempo e prática. Há certas lições que só podemos aprender por meio da experiência. Nosso querido profeta, Presidente Russell M. Nelson, recentemente nos lembrou, em Abril, que “o evangelho de Jesus Cristo… nos convida a continuar mudando, crescendo e nos tornando mais puros. Este é um evangelho de esperança, de cura e de progresso”.15 Portanto, não é um problema se você ainda não é totalmente como Cristo. O problema só surge quando você para de tentar.

As experiências que nos refinam e aproximam nosso caráter ao do Salvador são únicas a cada um de nós, mas há alguns elementos comuns no processo de nos tornarmos como Cristo que estão sob nosso controle.

Primeiro, para nos tornarmos como Cristo, precisamos desejar ter o Espírito de Deus em nosso coração e estar dispostos a agir conforme a orientação do Espírito. Nosso Pai Celestial respeita nosso arbítrio.16 Se O quisermos em nosso time, precisamos humildemente pedir Seu Espírito com o coração pronto para agir quando Ele nos der orientação. Ao observarmos a vida do Salvador, vemos esse princípio em Seu exemplo. O livro de Mateus nos conta como Jesus “prostrou-se sobre o seu rosto” orando, “Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; porém, não seja como eu quero, mas como tu queres”.17Irmãos e irmãs, precisamos estar dispostos a fazer o trabalho árduo que somos chamados a fazer. Só recebi orientação do céu depois que me dispus – e quero dizer verdadeiramente me dispus – a fazer tudo o que fosse necessário para que o Espírito de Deus habitasse em meu coração.

Segundo, precisamos praticar os princípios do evangelho, incluindo o trabalho árduo e a responsabilidade – dois princípios que já discuti – e muitos outros, como o perdão, o arrependimento e a capacidade de receber revelação pessoal. Muitas vezes, ouço pessoas reclamarem de certos princípios e mandamentos do evangelho, como se eles não tivessem propósito e fossem apenas uma forma maldosa de estragar nossa diversão. Em um discurso na conferência geral de 2015, o Élder Rafael E. Pino disse: “Nosso Pai Celestial primeiramente ensinou a Adão e Eva o plano de redenção e depois lhes deu mandamentos”,18 porque compreender o plano de salvação nos ajuda a ver o propósito – o porquê – dos mandamentos. Os mandamentos nos mantêm no caminho certo para a vitória eterna.

Tenho um forte testemunho de que os mandamentos são dádivas de um Pai amoroso que conhece os muitos caminhos que levam à destruição. Se vocês têm dificuldade em guardar os mandamentos, orem para conhecer o amor de Deus por vocês como indivíduos e para compreender Seu caráter. Quando compreenderem essas duas coisas, sua visão dos mandamentos mudará, assim como seu desejo de guardá-los. Vejo os mandamentos como um grande abraço de nossos pais celestiais – ou seja, eles me fazem sentir amada.

Terceiro, precisamos ter acesso ao poder divino para ver nosso grande potencial e nos envolver plenamente na grande obra de nos tornarmos divinos, de nos tornarmos como Cristo. A mortalidade foi planejada para incluir decepções e mágoas – o que Deus chama de oportunidades de aprendizado. Para enfrentar esses desafios com sucesso, precisamos ter acesso a um poder maior do que o nosso, e esse acesso vem por meio de convênios. O Élder Gerrit W. Gong amorosamente nos lembrou, em abril, que “as ordenanças sagradas permitem que façamos parte do convênio e tenhamos ‘o poder da divindade’ para santificar nossos desejos íntimos e as ações que externamos”.19 Os convênios direcionam nosso olhar para a eternidade e nos ajudam a ver o propósito reformador de nossa experiência mortal. Ao usar meus convênios para acessar o poder de Deus, consigo discernir o caminho certo e me sinto capacitada para trilhá-lo. Se estou no caminho traçado por meu Pai Celestial, sei para onde ele leva: uma vida cristã e eterna.

Como vocês estão se sentindo agora? Como se sentiram esta semana, este mês, este ano? Suspeito que alguns de vocês não estejam em paz. Suas mentes estão cheias de ansiedade e medo. Vocês querem ser justos e fazer escolhas sábias, mas não sabem bem como fazer isso. Eu já passei por isso e saí do outro lado com uma fé cheia de alegria, e é por isso que posso dizer com confiança que vocês podem ter paz, mesmo que o amor da sua vida não os ame mais. Vocês podem ter paz, mesmo que estudem diligentemente, se sacrifiquem e ainda assim não obtenham a nota necessária para entrar no curso que desejam. Mesmo que se sintam invisíveis, desvalorizados e incompreendidos, mesmo que se divorciem, adoeçam ou estejam preocupados com o bem-estar de alguém que amam, vocês podem ter paz.20 Se vocês compreenderem o propósito desta vida e confiarem no Salvador, Jesus Cristo, para ajudá-los a alcançar a vitória eterna, poderão seguir em frente com confiança, com a orientação do céu, tendo alegria e paz em todas as circunstâncias, mesmo quando suas experiências mortais estiverem longe do que esperavam.

Sei que meu Pai Celestial ama a mim e a cada um de vocês. Ele enviou Seu Filho, Jesus Cristo, para preencher a lacuna entre nossas falhas e a perfeição que Ele requer. Por meio de meus convênios, sou investida de poder que me ajuda a levantar-me, arrepender-me e encarar o futuro com otimismo cada vez que falho. Lembrem-se: “o evangelho de Jesus Cristo é um evangelho de arrependimento”21 – um evangelho de mudança. Ao lembrar-me de meu propósito e concentrar-me no caminho que leva ao grande resultado da vida eterna, o medo se dissipa. Nenhum fracasso momentâneo pode impedir-me de alcançar a vitória eterna, que requer apenas que eu continue exercendo fé em Jesus Cristo, continue tentando e continue me arrependendo. Eu consigo fazer isso, e vocês também. 

Amo o Livro de Mórmon porque ele testifica que Deus ama todas as pessoas. Admiro Joseph Smith. Sua provação mortal foi difícil, e o Pai Celestial exigiu dele o sacrifício máximo. Joseph sabia qual direção seguir; ele colocou sua fé na eternidade, e não na mortalidade. Espero poder fazer o mesmo. Espero que vocês também possam. Amo o Presidente Nelson. Suas palavras são verdadeiras e cheias de luz e amor. Sei disso porque aprendi a receber revelação pessoal pelo poder do Espírito Santo. O Presidente Nelson conhece o caminho, e eu estou seguindo seu conselho.

Sei que a unidade familiar foi criada para ser eterna e que o termo família é amplo e abrangente. Amo meu marido, Marc, e meus filhos, Katherine e Elijah. Eles são três das melhores pessoas que conheço – seres humanos verdadeiramente excepcionais. Também amo Sammy, o meio-irmão dos meus filhos; a madrasta deles, Sara; e o pai deles, Michael. Amo nossa família. Espero que eles saibam que acredito em Jesus Cristo e em Seu evangelho. Meu maior desejo é que eles façam tudo o que for necessário para conhecer e amar o Salvador. Tenho o mesmo desejo para toda a família humana – que todos nós conheçamos e amemos o Salvador, Jesus Cristo. 

Meus amigos, cometeremos erros, mas por meio dessas experiências e da dádiva do arrependimento, podemos aprender e nos tornar algo divino. Oro para que mantenhamos nosso olhar elevado, para que possamos ver nossas provações através das lentes de seu propósito, para que possamos nos tornar mais como Cristo e alcançar a vitória eterna. Ao fazermos isso, nossos corações se encherão de paz, em vez de medo. No poderoso nome de Jesus Cristo, amém.

© Brigham Young University. Todos os direitos reservados.

Notas

1. Ver “Evangelho” em Tópicos e Perguntas.

2. Ver Dieter F. Uchtdorf, “Ver o Fim desde o Princípio”, A Liahona, maio de 2006.

3. D. Todd Christofferson, “Reflexões sobre uma Vida Consagrada”, A Liahona, novembro de 2010.

4. Ver, por exemplo, Stanley G. Ellis, “Confiamos Nele? As dificuldades são para o nosso bem”, A Liahona, novembro de 2017.

5. Ver, por exemplo, Gálatas 6:7; Apocalipse 22:12; D. Todd Christofferson, “Livres para Sempre, para Agirem por Si Mesmos”, A Liahona, novembro de 2014; e Randall K. Bennett, “Escolher a Vida Eterna”, A Liahona, novembro de 2011.

6. O presidente Russell M. Nelson ensinou que a “obediência do tipo lanchonete”, que consiste em não guardar todos os mandamentos, como eu fazia ao deixar de orar ou ler as escrituras, “[conduz] à infelicidade” (“Encarar o Futuro com Fé”, A Liahona, maio de 2011).

7. Ver Tiago 1:5.

8. Ver, por exemplo, Tiago 1:27; 2:5, 8–9, 17–18; 3:13–18; 4:7, 10, 11, 17; 5:16.

9. Ver D&C 112:10.

10. Pelos seus frutos, eu sabia que Marc conhecia o Salvador, Jesus (ver Mateus 7:16–20).

11. Ver Morôni 7:15–16.

12. Ver Morôni 10:3–5.

13. D. Todd Christofferson, “O Poder dos Convênios”, A Liahona, maio de 2009.

14. Morôni 7:48.

15. Russell M. Nelson, “Mensagem de Boas-Vindas”, A Liahona, maio de 2021; ênfase no original.

16. D&C 104:17.

17. Mateus 26:39.

18. Rafael E. Pino, “A Perspectiva Eterna do Evangelho”, A Liahona, maio de 2015.

19. Gerrit W. Gong, “Lugar na estalagem”, A Liahona, maio de 2021; citando D&C 84:20.

20. Ver João 14:27; 16:33.

21. Nelson, “Mensagem de boas-vindas”; ênfase no original.

Alçando voos mais altos: substituir o medo por uma paz duradoura

Melissa F. Western, professora associada da Faculdade de Contabilidade da BYU, proferiu este discurso no devocional do dia 13 de julho de 2021.