Deus dá a cada um de nós oportunidades de criar para que possamos aprender a ter alegria nesse processo celestial. Às vezes, o resultado não será o que esperávamos, mas o processo em si é importante.
Intitulei meu discurso como “A alegoria do bolo de casamento”. Era uma vez duas jovens. Elas eram estudantes da BYU, amigas e colegas de quarto. Certo dia, outra colega de quarto pediu a essas duas moças que fizessem o bolo de casamento dela.
“Que pedido difícil”, pensaram elas. Afinal, todo mundo sabe que bolos de casamento podem ser um desafio. É preciso ter os ingredientes certos. É preciso saber como seguir uma receita. É preciso saber como evitar que o bolo assado caia aos pedaços ao transportá-lo da forma para o a suporte do bolo. É preciso saber como montar e apoiar adequadamente cada camada do bolo para que ele não desmorone. É preciso saber como colocar a cobertura no bolo para que ele fique com uma superfície bonita e lisa. É preciso saber como fazer com que a cobertura tenha a consistência correta, para que não fique muito firme, nem muito mole. Tem que ficar no ponto certo. Também é preciso saber usar os diferentes bicos de confeitar para criar diferentes tipos de decoração. Apesar de todos esses desafios, depois de assar, montar, colocar a cobertura e decorar o bolo corretamente, a experiência é muito gratificante. Vamos continuar a história a partir daí.
Foi exibido um vídeo, assista abaixo:
Essas duas jovens enfrentaram o desafio de forma admirável. Elas estavam preparadas para fazer o bolo. Fizeram o curso que lhes deu experiência e habilidade. Tinham uma receita de bolo testada e aprovada pela avó de uma delas. Tinham todos os ingredientes certos. Mas, o mais importante, elas tinham coragem e fé em si mesmas de que conseguiriam realizar a tarefa. Assim, seguiram em frente. E mesmo quando se distraíram e as coisas deram errado, tiveram a perspectiva adequada. Elas não se desanimaram, mas tiraram o melhor proveito da situação.
Às vezes, sua vida – inclusive sua vida na BYU – será como fazer um bolo de casamento. Vocês terão muitas oportunidades de pegar as coisas que aprenderam e colocá-las em prática. Vocês estarão preparados para agir. Vocês terão o conhecimento e o treinamento necessários para serem bem-sucedidos. Vocês terão os ingredientes certos. Porém, não haverá garantia de que terão sucesso. Nesses momentos, vocês terão que decidir por si mesmos se prosseguirão com fé ou se ficarão paralisados pelo medo do fracasso. Ser capaz de prosseguir quando não se tem garantia de um determinado resultado é um dos grandes testes da vida.
Tenho uma amiga que recebeu seus diplomas de bacharelado e mestrado da BYU. Ela tem utilizado sua formação, seus talentos e suas habilidades em sua profissão, e tem sido bem-sucedida. Entretanto, ela sente a necessidade de melhorar sua vida. Ela se interessa por várias coisas, mas uma das coisas que mais lhe interessa é o direito. Ela está pensando em cursar a faculdade de direito, e acredito que ela se sairia muito bem. Tudo o que ela precisa fazer é estudar para o exame de admissão à faculdade de direito (LSAT) e realizar a prova (Claro, é fácil para mim dizer que “é só isso”, já que não sou eu quem vai estudar ou fazer o exame!). Tirando isso, ela está preparada para entrar na faculdade de direito e está qualificada para isso. Ela só precisa se inscrever.
Um dia, perguntei a ela como estava sua jornada rumo à faculdade de direito e ela me disse que, no final das contas, havia decidido não cursar mais direito. Perguntei o motivo, e ela me disse que tinha orado sobre o assunto e não tinha recebido uma resposta. Mas isso não significava que ela não devesse prosseguir. O Élder Richard G. Scott disse o seguinte sobre receber respostas para nossas orações:
[Deus] responderá sob uma das três formas: primeiro, você pode sentir paz, consolo e segurança, que confirmam que sua decisão está correta; segundo, você pode sentir-se incomodado, com um estupor de pensamento, indicando que sua escolha está errada; terceiro — e este é o mais difícil — você pode sentir que não recebeu nenhuma resposta. [“O Dom Celestial da Oração”, A Liahona, julho de 2007; ênfase no original]
Minha amiga estava vivenciando a terceira resposta. Após pensar um pouco, ela decidiu que daria um salto de fé e continuaria com seu plano de fazer o teste e ver como se sentiria depois. Talvez o resultado da prova fosse a resposta. Assim como aquelas jovens que estavam fazendo o bolo de casamento, ela tinha todos os ingredientes – tudo o que precisava fazer era agir e colocar sua confiança no Pai Celestial.
Às vezes, podemos hesitar em seguir em frente mesmo após orarmos. Talvez não tenhamos recebido a resposta às nossas orações que achávamos que deveríamos ter recebido. Podemos começar a questionar e nos perguntar: “E se não for a coisa certa a fazer?” ou “E se não der certo?” O Élder Scott deu o seguinte conselho:
O que você faz, depois de se preparar cuidadosamente, orar com fervor, esperar durante um período de tempo razoável por uma resposta e, ainda assim, não a receber? Talvez deva expressar gratidão quando isso ocorrer, porque é uma prova da confiança do Pai em você. Quando você vive dignamente, quando suas escolhas são consistentes com os ensinamentos do Salvador, e uma ação se torna necessária, proceda com confiança. Conforme for a sua sensibilidade para receber a inspiração do Espírito, uma das duas coisas certamente ocorrerá, no momento certo: virá o estupor de pensamento, indicando uma escolha inadequada, ou virá paz, ou um ardor no coração, confirmando que a escolha foi correta. Se você estiver vivendo dignamente e agindo com confiança, Deus não deixará que você vá muito longe, sem uma impressão de advertência, se tiver tomado a decisão errada. [“O Dom Celestial da Oração”]
Depois de tomarmos a decisão de agir e prosseguir com fé – sabendo que demos todos os passos certos – e depois de seguirmos cuidadosamente a receita que nos foi dada, precisamos seguir em frente e desfrutar o processo sem muita preocupação com o resultado final. Ocasionalmente, as coisas podem acabar de cabeça para baixo e de pernas para o ar – como aconteceu com o bolo de casamento – mas, com uma perspectiva adequada, podemos desfrutar da sensação de realização que advém de se seguir em frente com fé.
Falando sobre a necessidade de se seguir em frente mesmo diante da incerteza, o Presidente Thomas S. Monson observou:
[Devemos ser] exploradores em espírito…
O espírito de exploração… inclui o desenvolvimento da capacidade de enfrentar dificuldades com coragem; a decepção com alegria; e o triunfo com humildade.
Deus deixou o mundo inacabado para que o homem usasse suas habilidades ao agir sobre ele. Deixou a eletricidade nas nuvens, o petróleo na terra. Deixou os rios sem pontes e as florestas intactas, e as cidades sem construir. Deus dá ao homem o desafio dos materiais brutos, não a facilidade e comodidade das coisas prontas. Deixa as telas sem pintar e músicas sem cantar, e os problemas sem resolver, para que o homem possa conhecer as alegrias e glórias da criação. [“Mensagem da Primeira Presidência: Em Busca de uma Vida Abundante“, A Liahona, agosto de 1988]
Deus dá a cada um de nós oportunidades de criar para que possamos aprender a ter alegria nesse processo celestial. Às vezes, o resultado não será o que esperávamos, mas o processo em si é importante. Uma razão pela qual gosto de pensar em oportunidades como “oportunidades bolo de casamento” é que, embora fazer um bolo de casamento possa ser desafiador, a verdade é que, mesmo que ele seja frequentemente usado como peça central de uma festa de casamento e seja visto por todos os convidados, o bolo não é o mais importante. A felicidade de quem está se casando é o mais importante. E a felicidade do casal não depende de um bolo de casamento. Da mesma forma, quando decidimos agir diante da incerteza, dar um salto de fé e fazer o bolo, o bolo ainda não é o mais importante. O que importa é o fato de termos tido a coragem e a fé para fazê-lo. É o crescimento que importa.
Espero que cada um de vocês reconheça as “oportunidades bolo de casamento” que se apresentarem a vocês neste ano. Prometo que, ao seguirem em frente com fé durante tais momentos, sua vida será grandemente abençoada de maneiras que vocês talvez não tenham previsto totalmente. Que assim seja, é minha oração, em nome de Jesus Cristo, amém.
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Peggy S. Worthen, esposa do presidente da BYU, Kevin J. Worthen, proferiu este discurso no devocional de 5 de janeiro de 2016.