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Devocional

O perfil de um profeta

Assistente do Quórum dos Doze Apóstolos

4 de outubro de 1955

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Digo-lhes desde o centro de meu coração que, pelas revelações do Espírito Santo, sei que Joseph Smith foi um profeta de Deus. Embora essas evidências e muitas outras que poderiam ser citadas possam ter o efeito de dar-nos uma convicção intelectual, somente pelos sussurros do Santo Espírito podemos conhecer as coisas de Deus. Por meio desses sussurros, digo que sei que Joseph Smith é um profeta de Deus.

Pretendemos modificar a tradução se for necessário. Para dar sugestões, envie um e-mail para: speeches.por@byu.edu

Gostaria de dispensar toda a formalidade, se possível, e dirigir-me tanto aos professores quanto aos alunos como meus irmãos e irmãs. Eu adoto essa forma de saudação por vários motivos: primeiro, praticamente todos os que estão aqui são membros da Igreja que estabeleceu e mantém esta universidade; segundo, creio na paternidade de Deus e na irmandade do homem; e terceiro, não pretendo dar uma palestra, muito menos um discurso ou um sermão, mas simplesmente quero prestar meu testemunho a meus irmãos e irmãs.

Por alguns minutos, gostaria de ser uma testemunha em apoio à proposição de que o evangelho de Jesus Cristo foi restaurado em nossos dias e que esta é Sua Igreja, organizada sob Sua direção por meio do Profeta Joseph Smith. Gostaria de dar algumas razões para a fé que tenho e para minha fidelidade à Igreja.

Talvez eu possa fazer isso mais rapidamente referindo-me a uma entrevista que tive em Londres, Inglaterra, em 1939, pouco antes do início da guerra. Eu tinha conhecido um senhor inglês muito proeminente, membro da Câmara dos Comuns (Câmara dos deputados), que anteriormente era um dos juízes da suprema corte da Inglaterra. Em minhas conversas com esse senhor sobre vários assuntos — “aflições da alma”, ele os chamou — conversamos sobre negócios, direito, política, relações internacionais e guerras, e frequentemente falávamos sobre religião.

Certo dia, ele me ligou e perguntou se poderíamos nos reunir em seu escritório para eu poder lhe explicar algumas fases do evangelho. Ele disse: “Acho que haverá uma guerra. Se houver, o senhor terá que voltar para a América e talvez não nos encontremos novamente”. Sua declaração sobre a iminência da guerra e a possibilidade de não nos reunirmos novamente provou ser profética.

Quando fui a seu escritório, ele disse que estava intrigado com algumas coisas que eu lhe havia dito. Ele me pediu que eu elaborasse uma breve peça processual sobre o mormonismo.

Posso dizer-lhes que uma peça processual é uma declaração de lei e fatos que advogados como o Presidente Wilkinson preparam quando vão ao tribunal para discutir um caso.

Ele me pediu que preparasse uma peça processual sobre o mormonismo e discutisse com ele como eu faria com um problema jurídico. Ele disse: “O senhor me disse que acredita que Joseph Smith foi um profeta. O senhor me disse que acredita que Deus, o Pai, e Jesus de Nazaré apareceram a Joseph Smith. Não consigo entender como um advogado e promotor do Canadá, um homem treinado em lógica e evidências, poderia aceitar declarações tão absurdas. O que o senhor está me falando de Joseph Smith me parece fantástico, mas acho que o senhor deve levar pelo menos três dias para preparar uma peça processual e me permitir examiná-la e questioná-la sobre ela”.

Sugeri que prosseguíssemos de uma vez e fizéssemos uma reunião de mediação, que é, resumidamente, uma reunião dos lados opostos em uma ação judicial em que a acusação e o acusado, com seus advogados, se reúnem para examinar as alegações uns dos outros e ver se conseguem encontrar alguma área de acordo, poupando assim o tempo do tribunal mais tarde.

Eu disse que talvez pudéssemos ver se tínhamos algum ponto em comum a partir do qual poderíamos debater minhas “ideias fantásticas”. Ele concordou com isso prontamente.

Só posso dar-lhes, nos poucos minutos à minha disposição, uma sinopse resumida e abreviada da conversa de três horas que se seguiu. No tempo que temos, recorrerei ao método de perguntas e respostas, em vez de narração.

Comecei perguntando: “Posso prosseguir com a suposição de que vossa senhoria é cristão?”

“Eu sou.”

“Presumo que vossa senhoria acredita na Bíblia — o Velho e o Novo Testamentos?”

“Sim!”

“Vossa senhoria acredita na oração?”

“Sim!”

“Vossa senhoria diz que minha crença de que Deus falou a um homem nesta época é fantástica e absurda?”

“A meu ver, é.”

“Crê que Deus em algum momento Se comunicou com alguém?”

“Certamente, temos provas disso por toda a Bíblia.”

“Ele falou com Adão?”

“Sim.”

“Com Enoque, Noé, Abraão, Moisés, Jacó, José e os demais profetas?”

“Creio que falou com cada um deles.”

“Acredita que o contato entre Deus e o homem cessou quando Jesus veio à Terra?”

“Não, nessa época a comunicação atingiu o ápice, o ponto culminante.”

“Vossa senhoria acredita que Jesus era o Filho de Deus?”

“Ele era.”

“Acredita que, depois da ressurreição de Jesus, certo advogado, que também era fabricante de tendas, chamado Saulo de Tarso, falou a caminho de Damasco com Jesus de Nazaré, que fora crucificado, ressuscitara e ascendera ao céu?”

“Acredito.”

“De quem foi a voz que Saulo ouviu?”

“A voz de Jesus Cristo, pois assim Ele Se apresentou.”

“Então, meu Senhor — é assim que nos dirigimos aos juízes da Comunidade Britânica — estou afirmando com toda a seriedade que era procedimento padrão na época da Bíblia que Deus conversava com o homem.”

“Creio que aceito tal ideia, mas isso cessou pouco depois do primeiro século da era cristã.”

“Em sua opinião, por que cessou?”

“Não posso dizer.”

“Acha que Deus não Se pronunciou desde aquela época?”

“Tenho certeza de que não.”

“Deve haver um motivo. Poderia dar um exemplo?”

“Eu não sei.”

“Posso sugerir algumas possíveis razões? Talvez Deus não Se comunique mais com o homem porque não pode. Ele perdeu o poder.”

Ele replicou: “É claro que isso seria uma blasfêmia.”

“Bem, então, se vossa senhoria não aceita isso, talvez Ele não fale com os homens porque não nos ama mais e não está mais interessado nos assuntos dos homens.”

“Não”, ele disse, “Deus ama todos os homens e não faz acepção de pessoas.”

“Bem, então, se Ele pudesse falar e se Ele nos ama, então a única outra resposta possível, como vejo, é que não precisamos Dele. Avançamos na ciência tão rapidamente e somos tão bem instruídos que não precisamos mais de Deus.”

E então ele disse — e sua voz tremeu ao pensar em uma guerra iminente — “Sr. Brown, nunca houve uma época na história do mundo em que a voz de Deus fosse tão necessária como agora. Talvez o senhor possa me dizer por que Ele não fala”.

Minha resposta foi: “Ele fala, ele falou; mas os homens precisam de fé para ouvi-Lo”.

Depois, começamos a preparar o que eu chamo de o “perfil de um profeta”.

Talvez vocês, alunos, gostariam de ampliar o que devo resumir hoje e desenhar seu próprio padrão ou definição de um profeta e ver se Joseph Smith está à altura.

Concordamos entre nós que as seguintes características devem distinguir um homem que afirma ser um profeta:

1. Ele afirma corajosamente que Deus falou com ele.

2. Qualquer homem que afirmasse ser um homem digno com uma mensagem digna — sem pulos de mesa, sem sussurros dos mortos, sem clarividência, mas uma declaração inteligente da verdade.

3. Qualquer homem que afirmasse ser um profeta de Deus declararia sua mensagem sem medo e sem fazer quaisquer concessões fracas à opinião pública.

4. Se ele estivesse falando em nome de Deus, não poderia fazer concessões, embora o que ele ensinasse fosse novo e contrário aos ensinamentos aceitos da época. Um profeta presta testemunho do que viu e ouviu e raramente tenta criar um caso por argumento. O importante é sua mensagem e não ele mesmo.

5. Tal homem falaria em nome do Senhor, dizendo: “Assim disse o Senhor”, assim como Moisés, Josué e outros.

6. Tal homem preveria acontecimentos futuros em nome do Senhor, e eles aconteceriam, assim como os previstos por Isaías e Ezequiel.

7. Ele teria não apenas uma mensagem importante para sua época, mas muitas vezes uma mensagem para todo o futuro, como Daniel, Jeremias e outros.

8. Ele teria coragem e fé o suficiente para suportar a perseguição e dar sua vida, se necessário, pela causa que defende, como Pedro, Tiago, Paulo e outros.

9. Tal homem denunciaria a iniquidade destemidamente. Ele geralmente seria rejeitado ou perseguido pelo povo de sua época, mas gerações posteriores e descendentes de seus perseguidores construiriam monumentos em sua honra.

10. Ele seria capaz de fazer coisas sobre-humanas — coisas que ninguém poderia fazer sem a ajuda de Deus. A consequência ou o resultado de sua mensagem e trabalho seria uma evidência convincente de seu chamado profético: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus 7:20).

11. Seus ensinamentos estariam em estrita conformidade com as escrituras, e suas palavras e seus escritos se tornariam escrituras. “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21).

Agora dei apenas um esboço que vocês podem preencher e ampliar e depois medir e julgar o profeta Joseph Smith pelo trabalho e estatura de outros profetas.

Como um estudioso da vida do profeta Joseph Smith por mais de 50 anos, digo-lhes, rapazes e moças: por esses padrões Joseph Smith qualifica-se como profeta de Deus.

Creio que Joseph Smith foi um profeta de Deus porque ele falou como um profeta. Ele foi o primeiro homem desde que os apóstolos de Jesus Cristo foram mortos a fazer a afirmação de que os profetas sempre fizeram — ou seja, que Deus havia falado com ele. Ele viveu e morreu como um profeta. Creio que ele foi um profeta de Deus porque deu a este mundo algumas das maiores de todas as revelações. Creio que ele foi um profeta de Deus porque previu muitas coisas que aconteceram — coisas que somente Deus poderia realizar.

João, o amado discípulo de Jesus, declarou: “O testemunho de Jesus é o espírito de profecia” (Apocalipse 19:10). Se Joseph Smith tinha o testemunho de Jesus, ele tinha o espírito de profecia. E se ele tinha o espírito de profecia, era um profeta.

Digo a vocês, como disse ao meu amigo, que ele tinha um testemunho de Jesus tão forte quanto o de qualquer outro homem que já viveu, pois, assim como os apóstolos da antiguidade, ele O viu e O ouviu falar. Ele deu sua vida por esse testemunho. Desafio qualquer um a citar alguém que tenha dado mais evidências do chamado divino de Jesus Cristo do que o profeta Joseph Smith.

Creio que o profeta Joseph Smith foi um profeta porque fez muitas coisas sobre-humanas. Uma delas foi traduzir o Livro de Mórmon. Algumas pessoas não concordam, mas digo-lhes que o profeta Joseph Smith na tradução do Livro de Mórmon fez uma obra sobre-humana. Peço-lhes que se comprometam a escrever uma história sobre os antigos habitantes da América, a escrever como ele escreveu sem qualquer fonte. Incluam em sua história 54 capítulos que lidam com guerras, 21 capítulos históricos e 55 capítulos sobre visões e profecias. E, lembrem-se, quando começarem a escrever sobre visões e profecias, vocês devem ter seu registro de acordo meticulosamente com a Bíblia. Vocês devem escrever 71 capítulos sobre doutrina e exortação, e aqui, também, vocês devem verificar cada declaração com as escrituras ou será provado que vocês são uma fraude. Vocês devem escrever 21 capítulos sobre o ministério de Cristo, e tudo o que afirma ter dito e feito e todo testemunho que escrever em seu livro sobre Ele deve concordar absolutamente com o Novo Testamento.

Pergunto-lhes: Gostariam de realizar essa tarefa? Gostaria de sugerir a vocês também que vocês devem empregar figuras de fala, símiles, metáforas, narrações, exposição, descrição, oratória, épica, lírica, lógica e parábolas. Vocês farão tudo isso, não?

Peço-lhes que se lembrem de que o homem que traduziu o Livro de Mórmon era um rapaz que não teve a oportunidade de estudar que vocês tiveram, e ainda assim ditou esse livro em pouco mais de dois meses e fez pouquíssimas correções, se é que fez alguma. Por mais de cem anos, alguns dos melhores alunos e estudiosos do mundo têm tentado provar na Bíblia que o Livro de Mórmon é falso, mas nenhum deles foram capaz de provar que qualquer coisa que ele escreveu não estivesse em estrita harmonia com as escrituras — com a Bíblia e com a palavra de Deus.

O Livro de Mórmon não apenas declara na página de rosto que seu propósito é convencer os judeus e os gentios de que Jesus é o Cristo, o Deus Eterno, mas essa verdade é o peso de sua mensagem. Em 3 Néfi, lemos que multidões de pessoas testificaram: “Nós O vimos. Apalpamos suas mãos e Seu lado. Sabemos que Ele é o Cristo” (ver 3 Néfi 11:14–15).

Joseph Smith realizou outras tarefas sobre-humanas. Entre elas, cito as seguintes:

Ele organizou a Igreja. (Chamo a atenção para o fato de que nenhuma constituição feita pelo arbítrio humano sobreviveu a 100 anos sem modificação ou alteração, sim, até mesmo a Constituição dos Estados Unidos. A lei ou constituição básica da Igreja nunca foi alterada.)

Ele se comprometeu a levar a mensagem do evangelho a todas as nações, que é uma tarefa sobre-humana ainda em andamento.

Ele se comprometeu, por ordem divina, a reunir milhares de pessoas em Sião.

Ele instituiu o trabalho vicário pelos mortos e construiu templos com esse propósito.

Ele prometeu que certos sinais deveriam seguir os fiéis, e há milhares de testemunhas que certificam que essa promessa foi cumprida.

Eu disse ao meu amigo: “Meu senhor, não consigo entender o que está dizendo sobre minhas alegações serem fantásticas. Nem posso entender por que os cristãos que alegam acreditar em Cristo perseguiriam e matariam um homem cujo propósito era provar a veracidade das coisas que eles mesmos estavam declarando; ou seja, que Jesus era o Cristo. Eu poderia entender a perseguição deles a Joseph se ele tivesse dito: ‘Eu sou Cristo’, ou se ele tivesse dito: ‘Não há Cristo’, ou se ele tivesse dito que outra pessoa é Cristo. Então, os cristãos que acreditam em Cristo estariam justificados em se opor a ele.

Mas o que ele disse foi: ‘Aquele a quem afirmais servir, declaro-vos’, parafraseando o que Paulo disse em Atenas: ‘Aquele, pois, que vós honrais, não o conhecendo, vos anuncio’ (Atos 17:23). Joseph disse aos cristãos de sua época: ‘Vocês afirmam acreditar em Jesus Cristo. Testifico que O vi e conversei com Ele. Ele é o Filho de Deus. Por que me perseguem por isso?’

Quando Joseph saiu do bosque, tinha pelo menos quatro verdades fundamentais e as anunciou ao mundo: primeiro, que o Pai e o Filho são pessoas separadas e distintas; segundo, que o cânone das escrituras não está completo; terceiro, que o homem foi criado à imagem corporal de Deus; e quarto, o canal entre a Terra e o céu é aberto e a revelação é contínua.”

Talvez alguns de vocês estejam se perguntando como o juiz reagiu ao nosso debate. Ele escutou atentamente; fez algumas perguntas muito incisivas e perspicazes; e, no final do período, disse: “Sr. Brown, eu me pergunto se o seu povo entende a importância de sua mensagem. E o senhor?” Ele disse: “Se o que o senhor me disse é verdade, é a maior mensagem que veio a esta Terra desde que os anjos anunciaram o nascimento de Cristo”.

Era um juiz falando — um grande estadista, um homem inteligente. Ele me desafiou: “O senhor aprecia a importância do que diz?” Ele acrescentou: “Gostaria que fosse verdade. Espero que seja verdade. Deus sabe que deve ser verdade. Eu oro que seja verdade”, disse ele, e ele chorou ao dizer isso, “para que algum homem pudesse aparecer na Terra e dizer com autoridade: ‘Assim diz o Senhor'”.

Como eu mencionei, não nos encontramos novamente. Trouxe-lhes brevemente alguns dos motivos pelos quais acredito que Joseph Smith foi um profeta de Deus. Mas, sublinhando e resumindo tudo isso, digo-lhes desde o centro de meu coração que, pelas revelações do Espírito Santo, sei que Joseph Smith foi um profeta de Deus.

Embora essas evidências e muitas outras que poderiam ser citadas possam ter o efeito de dar-nos uma convicção intelectual, somente pelos sussurros do Santo Espírito podemos conhecer as coisas de Deus. Por meio desses sussurros, digo que sei que Joseph Smith é um profeta de Deus. Agradeço a Deus por esse conhecimento e oro por Suas bênçãos sobre todos vocês em nome de Jesus Cristo. Amém.

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Hugh B. Brown

Hugh B. Brown era o Assistente do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias quando este devocional foi dado na Universidade Brigham Young em 4 de outubro de 1955.