Uma visão completa de “perfeito”
Professor do Departamento de Linguística e Língua Inglesa da BYU
13 de julho de 1999
Professor do Departamento de Linguística e Língua Inglesa da BYU
13 de julho de 1999
Todos nós, em nosso estado incompleto, precisamos uns dos outros para abençoar e sermos abençoados. Completamo-nos uns aos outros.
Permitam-me introduzir meu tema com uma breve história. Cerca de um mês atrás, em uma manhã de sábado, minha esposa, Barbara, estava ocupada costurando um vestido de batismo para uma menina da vizinhança, e a casa estava precisando de uma boa limpeza. Como a necessidade era clara, fiz o que sempre faço nessas situações: Coloquei as crianças para trabalhar. Infelizmente, às vezes fico mal-humorado quando estou limpando a casa. No entanto, notei que toda vez que pedia ao meu filho, Matt, de 12 anos, para fazer alguma coisa, ele sempre respondia com um sorriso e um semblante genuinamente alegre. Claramente, ele estava tentando superar meu mau-humor sorrindo – o que ficou óbvio para mim, assim como para todos os outros. No entanto, eu aparentemente devo ter ignorado os sorrisos tão evidentes, até que Matt finalmente disse: “Pai, quem disse que sorrisos são contagiantes não conhecia os seus anticorpos”. Finalmente me derreti em um sorriso.
Bem, meu “anticorpo” contra o contágio de um sorriso é um dos meus vários defeitos, que, assim como uma casa bagunçada, precisam de uma boa organização. E esse é apenas um dos vários defeitos dos quais tenho consciência, graças à ajuda de minha esposa e de meus filhos. Quem sabe quantos outros defeitos estão à espreita, escondidos de meu discernimento?
A ideia de tais imperfeições – às vezes óbvias, mas às vezes escondidas até de nós mesmos – pode ser desconcertante à luz da célebre instrução de Cristo: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:48). Diante das duras realidades do dia a dia, como podemos ser perfeitos, assim como nosso Pai é perfeito? Coisas como limpar a casa, lidar com pessoas que nos colocam em situações desconfortáveis, reagir a dedinhos batidos na quina e à raiva no trânsito às vezes nos apresentam um autorretrato que, quando analisado honestamente, está muito mais distante do ideal de perfeição do que gostaríamos. O que realmente fazemos diante dos problemas da vida, comparado ao que deveríamos fazer, pode nos levar ao desânimo.
A seguir, gostaria de explorar o significado da palavra perfeito, com a esperança de mostrar que a barra que parece tão alta pode ser prontamente superada por qualquer um de nós que realmente ame o Senhor e deseje sinceramente honrá-Lo. Simplificando, gostaria de mostrar que perfeito não significa hoje o que costumava significar na época do Rei Jaime. Por favor, entendam que meu objetivo não é diminuir a instrução de Cristo, mas torná-la compreensível no contexto do evangelho.
Primeiro, deixem-me esclarecer que, hoje, perfeito significa algo muito mais específico do que há 400 anos. Originalmente, quando a palavra foi emprestada do francês, significava “terminado, completo, excelente”. Ele veio para o francês do latim per– (completamente), e -facere (fazer), conforme explicado no American Heritage Dictionary, s.v. ‘perfect’. No entanto, no inglês moderno, perfeito sempre suscita em nossa mente uma ideia muito mais específica de “sem falhas, sem defeitos”. Ouvimos, por exemplo, que “ele jogou uma partida perfeita” ou que “ela tirou uma nota perfeita na prova”, e assim por diante. Mas a ideia de “ser sem falhas” como o principal significado de perfeito é nova na língua moderna.
O que mudou o significado de perfeito? A palavra completo foi introduzida à língua inglesa no início do século XIV, mas com um significado altamente restrito. Ela se aplicava apenas à “completude das partes necessárias”; por exemplo, uma assembleia completa.1 Não podia ser aplicada a ações, estados e qualidades, tal como “pureza completa”, embora na época fosse apropriado dizer “pureza perfeita”, que significa “pureza completa”. Mas na época em que os tradutores da versão do Rei Jaime estavam trabalhando, o significado de completo estava se expandindo para incluir ações, estados e qualidades.2 Com essa expansão de completo, veio a contração de perfeito, de modo que hoje perfeito ainda significa “completo”, mas, além disso, sempre significa “sem falhas”. É por essa razão que as várias formas da palavra perfeito ocorrem 123 vezes no Velho e no Novo Testamento, ao passo que completo ocorre apenas três vezes. Além disso, as palavras hebraicas e gregas que acabaram sendo traduzidas como “perfeito”, em sua maioria, têm a noção geral de “completo” ou “final”.
Tendo dito isso, vamos dar uma nova olhada na noção de “completo” para ver o que pode significar ser completo em um contexto mais amplo do evangelho, lembrando-nos de que qualquer coisa que seja perfeita é, necessariamente, completa, mas qualquer coisa que seja completa não é necessariamente perfeita.
Em primeiro lugar, todos os convênios, acordos, contratos, vínculos, tratados e similares baseiam-se na ideia de completude. Por definição, um convênio é um conjunto de instruções concordadas por duas partes que delineia seu comportamento. Quando eu concordo, como uma das partes, em tomar sobre mim o nome de Cristo, lembrar-me sempre Dele e guardar Seus mandamentos, e o Senhor concorda, como a outra parte, que Seu Espírito estará sempre comigo, então somos unidos pela renovação do convênio batismal. Um convênio é o meio pelo qual duas partes incompletas se tornam uma – um todo completo. Em Sua bela oração ao Pai, Cristo fez esta afirmação em João 17:21-23:
Para que todos sejam um como tu, ó Pai, és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós. . .
E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um;
Eu neles, e tu em mim, para que sejam perfeitos [ou completos] em unidade.
Se pensarmos em perfeito como “completo”, então podemos ver como é possível que Deus, Cristo e Seus verdadeiros seguidores sejam realmente um, levados da incompletude à completude pelo convênio.
Se convênio – que literalmente significa “unir-se” – é um acordo entre duas partes para fazer algo, então ainda há uma segunda etapa: realmente fazer. Se eu concordar em aparecer às 11 horas da manhã na terça-feira, 13 de julho de 1999, para dar um discurso, e eu ou todos vocês não comparecermos (ambos os pensamentos me ocorreram), então o acordo foi violado: é um contrato defeituoso e incompleto. Todos os convênios são válidos somente sob a condição de que as duas partes cumpram o que concordaram em fazer.
A união de dois indivíduos incompletos para formar um todo completo por meio de convênio também é a própria definição de casamento. Em uma resposta aos fariseus, Cristo, citando Gênesis 2:24, disse: “Não lestes que… portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão os dois uma só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne” (Mateus 19:4-6). Cristo estava falando essencialmente de um convênio, já que o casamento é um conjunto de instruções estabelecidas em comum acordo que orienta o comportamento de um homem e de uma mulher. Idealmente, eles se comportam um com o outro de maneira diferente do que com qualquer outra pessoa no mundo por causa desse acordo e desse convênio. Eles se tornam uma só carne no sentido real de convênio.
No casamento, somos completos, assim como nosso Pai e nossa Mãe Celestiais são completos.
Mas, o casal também pode se tornar uma só carne em um sentido ainda mais literal. Sabemos pela ciência moderna que, antes que qualquer um de nós aqui se tornasse alguém, éramos duas células germinativas distintas: uma célula meiótica de 23 cromossomos de nosso pai biológico e, a outra, uma célula similar de nossa mãe biológica. Não éramos nada até a união dessas duas células incompletas, produzindo um conjunto completo de 46 cromossomos.
No momento da união, nossos pais se tornaram “uma só carne” por meio de nós, e esse milagre de uma nova vida constitui possivelmente a forma mais elevada de todos os convênios. De fato, ao se tornarem uma só carne, pais e mães não apenas criam uma nova vida, mas também uma nova família – a fundação sobre a qual todas as sociedades duradouras se alicerçam. As evidências são esmagadoras de que as crianças se saem melhor com as contribuições adequadas tanto de uma mãe quanto de um pai. Não é difícil perceber que os sistemas sociais baseados em tais famílias também se saem melhor. A boa saúde de uma nação e até mesmo da comunidade internacional realmente se baseia na família conforme definida na proclamação feita pela Primeira Presidência e pelo Conselho dos Doze (ver “A Família: Uma Proclamação ao Mundo”, A Liahona, Janeiro de 1996, p. 114).
Juntamente com o convênio biológico de uma nova vida e o consequente convênio social de novas famílias, vem a necessidade de nos vincularmos a todas as famílias que nos precederam.
Isso nos leva a um tipo de completude semelhante, mas diferente, sem o qual o Senhor
[virá e ferirá] a Terra com maldição.
. . . É suficiente saber, neste caso, que a Terra será ferida com maldição, a menos que exista um elo de ligação de um ou outro tipo entre os pais e os filhos. . . Pois nós, sem eles, não podemos ser aperfeiçoados; nem podem eles, sem nós, ser aperfeiçoados. [D&C 128:17-18]
Em referência a essa escritura, o Élder Russell M. Nelson observou que “perfeito foi traduzido do grego teleios, que significa ‘finalizado, terminado, completado’” (“Uma nova colheita”, A Liahona, julho de 1998, p. 40, nota de rodapé 10). Com a restauração de todas essas e outras chaves de dispensações passadas, temos “uma total, completa e perfeita união e fusão de dispensações e chaves e poderes e glórias” (D&C 128:18).
Mais uma vez, a doutrina da completude se manifesta, porque nos tornamos, por assim dizer, “salvadores no Monte Sião” ao servirmos como procuradores para aqueles que, de outra forma, não teriam acesso terreno às ordenanças de salvação. Tornamo-nos um com nossos antepassados por meio do trabalho do templo. Joseph Smith disse:
Como eles se tornarão salvadores no Monte Sião? Construindo seus templos, erigindo suas fontes batismais e recebendo todas as ordenanças, batismos, confirmações, abluções, unções, ordenações e poderes de selamento sobre sua cabeça, em favor de todos os seus antepassados falecidos, redimindo-os para que possam surgir na primeira ressurreição e ser exaltados em tronos de glória com eles; e essa é a corrente que une o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos pais e cumpre a missão de Elias. [Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, Capítulo 41; pp. 498 a 499]
É essa grande visão de completude – a magnífica missão de Elias de unir todos os filhos e filhas de Adão e Eva em um todo ininterrupto – que encontra sua manifestação concreta na atual explosão de novos templos e interesse genealógico. Atualmente, há 57 templos concluídos e outros 57 em construção, e há milhões de acessos diários ao novo site de genealogia da Igreja. O Élder Nelson nos disse que “foram feitas microfilmagens em 110 países, chegando-se a mais de 2 bilhões de fotografias com cerca de 13 bilhões de nomes” (Nelson, “Uma nova colheita”, p. 38). Esse crescimento impressionante era inimaginável há apenas alguns anos.
“Como o homem é hoje, Deus já foi. Como Deus é, o homem poderá ser.” (Lorenzo Snow, em Eliza R. Snow, Biography and Family Record of Lorenzo Snow [Salt Lake City: Deseret Company, 1884, 1975], p. 46; ver também Teachings of Lorenzo Snow, comp. Clyde J. Williams [Salt Lake City: Bookcraft, 1984], pp. 2, 5; ou Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Lorenzo Snow, Capítulo 5). Temos o potencial de nos tornarmos completos, assim como nosso Pai Celestial é completo. Que visão ampla e grandiosa Joseph foi capaz de compartilhar conosco.
A dura realidade de nossa própria morte também exige a doutrina da completude, uma vez que a morte, em seu sentido mais amplo, é uma separação de partes que, de outra forma, estariam devidamente intactas. Doutrina e Convênios deixa claro que “espírito e elemento, inseparavelmente ligados, recebem a plenitude da alegria; e, quando separados, não pode o homem receber a plenitude da alegria” (D&C 93:33-34). A descrição comovente do Élder Melvin J. Ballard sobre como provavelmente ansiaremos por nosso corpo no mundo espiritual enfatiza uma das doutrinas únicas e maravilhosas do mormonismo (ver Melvin J. Ballard: Crusader for Righteousness [Salt Lake City: Bookcraft, 1966], p. 213). Ao contrário do que outras pessoas acreditam, uma das grandes contribuições do mormonismo para a teologia é a de que o corpo não é mau, mas bom. Precisamos ser completos – espírito e elemento – assim como o nosso Pai Celestial é completo, para que possamos, como Ele, receber a plenitude da alegria. É provavelmente significativo que, no Velho Mundo, Cristo tenha dito: “Sede vós, pois, perfeitos [completos], como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:48); ao passo que no Novo Mundo, após Sua Ressurreição, Ele disse: “Portanto, quisera que fôsseis perfeitos, assim como eu ou como o vosso Pai que está nos céus é perfeito” (3 Néfi 12:48). A Ressurreição O tornou completo, assim como seu Pai. Na Ressurreição, nos tornaremos completos, assim como nosso Pai e, agora Cristo, são completos.
Se a Ressurreição é a dádiva universal de Cristo para os filhos e filhas de Deus, então a Expiação é Sua dádiva pessoal, concedida somente ao penitente. E se a Ressurreição une o espírito ao corpo para vencer a morte física, então a Expiação une nosso espírito ao Espírito Santo para vencer a morte espiritual. Assim como a Ressurreição traz completude, a Expiação também traz completude. Porém, diferentemente da Ressurreição, essa completude vem de duas maneiras distintas, mas relacionadas:
Primeiro, os nossos pecados trazem um desequilíbrio à balança da justiça eterna; ao pagar pelos nossos pecados, Cristo traz essa balança de volta a um equilíbrio completo e perfeito. Nas palavras de Mosias, Deus deu “ao Filho o poder de interceder pelos filhos dos homens — Havendo… tomado sobre si as iniquidades e transgressões deles, havendo-os redimido e satisfeito as exigências da justiça” (Mosias 15:8-9). Somos justificados por meio de Cristo. O preço foi pago até o último centavo, e o equilíbrio está completo.
Em segundo lugar, a Expiação é a completude de um convênio, que, em sua forma mais simples, é o seguinte: Nós paramos de pecar e Cristo paga por nossos pecados. Há quem diga que a salvação vem de obras – da absolvição que advém dos sacramentos. Outros dizem que ela vem da fé – da declaração de que Jesus é o Salvador. Esse é o antigo debate sobre fé e obras. As obras são definidas como sacramentos (ou, em nossos termos, ordenanças). A fé é definida como a proclamação de Jesus como o Salvador do mundo. Mas sabemos por meio das escrituras modernas que a remissão dos pecados vem do sacrifício – sacrifício da parte de Cristo e sacrifício de nossa parte:
Eis que ele se oferece em sacrifício pelo pecado, cumprindo, assim, todos os requisitos da lei para todos os quebrantados de coração e contritos de espírito; e para ninguém mais podem todos os requisitos da lei ser cumpridos. [2 Néfi 2:7]
E vós não me oferecereis mais derramamento de sangue; sim, vossos sacrifícios e holocaustos cessarão. . .
E oferecer-me-eis como sacrifício um coração quebrantado e um espírito contrito. E todo aquele que a mim vier com um coração quebrantado e um espírito contrito, eu batizarei com fogo e com o Espírito Santo. . . . [3 Néfi 9:19-20]
Se somos justificados pelo fato de Cristo ter absorvido nossos pecados, somos santificados por meio de um processo que envolve três etapas: primeiro, sofremos genuinamente de um coração quebrantado e de um espírito contrito por causa de nossos pecados. Segundo, consequentemente manifestamos nossa tristeza ao deixar para trás esses pecados; e então seguimos nosso caminho e não pecamos mais. Terceiro, somos santificados por meio do batismo de fogo e do Espírito Santo.
O ponto principal é o seguinte: Já estivemos espiritualmente mortos por meio de uma separação de Deus pela ausência de Seu Espírito, mas agora estamos, por assim dizer, ressuscitados – espiritualmente vivificados – pelo batismo de fogo e do Espírito Santo. Antes éramos pecadores e incompletos, mas por meio do processo da Expiação somos justificados e santificados, completa e integralmente.
Nesse sentido, somos completos, assim como nosso Pai Celestial é completo – e estamos, também, um passo mais perto de sermos como Ele.
Sempre apreciei a maravilhosa metáfora de Paulo comparando o corpo de Cristo – a Igreja – ao corpo de uma pessoa. Ele disse que
o corpo não é um só membro, senão muitos. . . .
E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós. . . .
Para que não haja divisão no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado uns dos outros. . . .
Ora, vós sois o corpo de Cristo, e membros em particular. [1 Coríntios 12:14, 21, 25, 27]
Para mim, o que ele está dizendo é que cada um de nós, como um membro do corpo de Cristo, é incompleto – tão incompleto quanto qualquer órgão de nosso corpo é incompleto: “Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato?” (1 Coríntios 12:17), e assim por diante. Na verdade, nenhum de nós pode ser salvo individualmente. Somos salvos como Sião, porque vocês e eu complementamos uns aos outros. O que eu não posso fazer, vocês podem fazer. O que vocês não podem fazer, eu ou outra pessoa podemos.
Minhas filhas Kirsten e Jennifer voltaram recentemente de um acampamento das moças. Tendo quatro adolescentes (contando com meu filho de 12 anos porque ele age como um), minha esposa e eu temos plena consciência de que não podemos ser tudo para nossos filhos. Não podemos fazer algumas coisas que os outros podem. Somos incompletos. Do meu ponto de vista, é quase incalculável a preparação, o trabalho, o tempo, a energia e a boa vontade que as líderes das Moças de nossa ala tiveram para que o acampamento das moças fosse concluído com sucesso. Acredito que o bem eterno que foi feito, espiritual e fisicamente falando, em favor daquelas moças é realmente incalculável. Tudo o que as irmãs de minha ala fizeram, multiplicado pelos milhões que supervisionam acampamentos de moças e de rapazes, que dão aulas aos domingos e durante a semana, que servem como mestres familiares e professoras visitantes, que trabalham em fazendas de bem-estar, que servem missões e assim por diante, contribui para o bem geral. Todos nós, em nosso estado incompleto, precisamos uns dos outros para abençoar e receber bênçãos. Completamo-nos uns aos outros.
Acredito que o Senhor, em Sua genialidade, estabeleceu a Igreja de tal forma que não pagássemos alguém para nos dar uma bela aula dominical. Ele exige sacrifício de nós. Quando aceitamos um chamado, concordamos em preparar uma lição e comparecer para ensinar no berçário – quer seja conveniente ou não. É um tipo de convênio. Quanto mais velho fico, mais me convenço de que todo pecado – cada um deles – tem suas raízes no solo sujo da autogratificação e do egocentrismo. Qualquer pecado que eu possa imaginar – do roubo à cobiça, do adultério ao assassinato – tem em seu cerne um senso exagerado de si mesmo por parte do pecador. Mas o Senhor criou uma organização que é estruturalmente projetada para combater o ego exagerado, já que todos os chamados da Igreja que conheço têm como premissa o serviço ao próximo.
Acho que é por essa razão que Paulo diz que o corpo de Cristo é para o aperfeiçoamento [completude] dos santos:
E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres,
Para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo;
Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”. [Efésios 4:11-13]
Como trabalhadores comprometidos na Igreja de Cristo, aprendemos a ser cristãos, tanto dentro quanto fora da Igreja. Em Sua Igreja, somos completos.
A esta altura, imagino que vocês estejam ansiosos pela completude deste discurso. Estou preparado para satisfazer sua ansiedade. Permitam-me concluir dizendo o seguinte: Acredito que Deus, em Sua genialidade e de uma forma muito prática, tornou possível que nos tornássemos completos como Ele. Ele nos deu grandes e verdadeiros convênios, incluindo, especialmente, o convênio batismal e esses maravilhosos guias para a vida, os convênios do templo. Ele nos deu a instituição do casamento, na qual os cônjuges completam-se um ao outro e tornam-se uma só carne por meio de seus filhos. Ele nos deu – em todas as nossas imperfeições – a oportunidade de sermos salvadores no Monte Sião, de fazermos parte da união completa e eterna de toda a descendência de Adão. Ele nos deu Seu Filho para unir novamente o corpo ao espírito e vencer a morte física, e para trazer o Espírito Santo de volta ao nosso espírito e assim vencer a morte espiritual. Ele nos deu Sua Igreja para nos ajudar a superar a vaidade do ego por meio do serviço ao próximo.
Em resumo, Ele nos deu uma religião prática que, se vivida, nos leva “à medida da estatura completa de Cristo” – e a Seu Pai. Eu não poderia dizer isso melhor do que Brigham Young:
Sou decididamente a favor da religião prática – da vida útil cotidiana. E se hoje eu cuidar do que me cabe fazer, e depois fizer o que se apresentar amanhã, e assim por diante, quando a eternidade chegar, estarei preparado para assumir as coisas da eternidade. Mas eu não estaria preparado para tal esfera de ação, a menos que pudesse administrar as coisas que estão agora ao meu alcance. Todos vocês precisam aprender a fazer isso. [JD 5:3-4; texto modernizado]
O evangelho é verdadeiro. Eu o amo e o recomendaria a qualquer pessoa que queira viver uma vida completa neste mundo imperfeito e nos mundos vindouros.
Deixo estes pensamentos com vocês em nome de nosso Salvador, Jesus Cristo. Amém.
© Brigham Young University. Todos os direitos reservados.
Notas
1. Ver Oxford English Dictionary, s.v. “complete”, a., seção 1: “1597 Hooker Eccl. Pol. v. §19 (T.) Quando alguém espera por outra vinda, até que a assembleia… esteja completa”.
2. Por exemplo, ver Oxford English Dictionary, s.v. “complete” a., seção 1: “1645 Ord. Lords & Com., Susp. fr. Sacram. 1 Sinceramente esforçar-se para estabelecer completamente a pureza e a unidade”.
John S. Robertson era professor de linguística da BYU e presidente do Departamento de Linguística quando este discurso foi proferido no devocional do dia 13 de julho de 1999.