Devocional

“Este é o meu dia de oportunidades”

Primeira conselheira na Presidência Geral das Moças

11 de dezembro de 2018

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Esta vida terrena é tão curta no plano eterno, mas determina tantas coisas. É o nosso “dia de oportunidades”. Usem-na bem e vocês terão oportunidades com as quais nunca sonharam.


Obrigada por estarem aqui hoje. Sinto a responsabilidade de dizer algo que os ajudará nesta manhã. Quero compartilhar uma mensagem de meu coração. Quero contar-lhes algumas coisas que têm me ajudado. Vou começar com uma história.

Embora eu tenha crescido em Provo, quando estava na metade do ensino médio, minha família mudou-se para Harrisburg, na Pensilvânia. O Presidente Spencer W. Kimball, o profeta na época, chamou meu pai para servir como presidente de missão, então nossa família fez as malas e fomos embora.

Quando voltei a Provo para cursar o primeiro ano da faculdade, vim sozinha e vi o campus da BYU pela ótica de uma caloura, longe de casa e da família. Eu não conhecia uma alma sequer quando me mudei para o alojamento estudantil.

Eu havia me sentido sozinha no ensino médio, mas decidi que usaria essa oportunidade como um novo começo. Meu irmão me desafiou a aprender o nome de três novas pessoas todos os dias e depois chamá-las pelo nome sempre que as visse. Ofereci-me como voluntária em oportunidades de serviço que me tiraram da minha zona de conforto. É claro que até mesmo falar com outras pessoas estava fora de minha zona de conforto! Aprendi que concentrar-me nos outros me deixava mais feliz. Foi aqui na BYU que encontrei alegria em cumprir meus convênios, levantando-me da cama nas manhãs de domingo e indo à igreja. E aprendi o valor do tempo.

Sei que as provas de final de semestre estão chegando. Seu tempo é precioso e talvez estejam ansiosos com isso. Sinceramente, ainda tenho pesadelos de que estou de volta à escola na semana das provas finais, mas não fui às aulas durante todo o semestre. Na verdade, em meus sonhos, não consigo nem lembrar onde fica minha sala de aula quando tento comparecer a uma última aula antes da prova final! Todos podemos nos identificar com esses sentimentos de medo e pânico quando percebemos que talvez não haja tempo suficiente para terminar o que nos comprometemos a fazer.

Falando em pânico, lembro-me de entrar no centro de testes da BYU. Houve momentos em que entrei com pavor – sabendo que não estava preparada, mas que era tarde demais para fazer algo a respeito. Outras vezes, lembro-me de sentir uma confiança serena; eu havia pago o preço e me sentia confortável com os assuntos que cairiam na prova.

Esta vida é como um centro de testes. Ocasionalmente, somos submetidos a testes de verdadeiro/falso na vida, com escolhas claras entre certo e errado e momentos decisivos. Em tais momentos, levantem-se. Mantenham-se firmes. Escolham com coragem. Mas, com mais frequência, a vida cotidiana nos dá testes de múltipla escolha – e, às vezes, eles se parecem com aqueles que fazemos quando estamos convencidos de que o professor está tentando nos confundir. É A? B? C? A e C? Todas as opções acima? Ou nenhuma das opções acima? Todas as opções podem ser boas, mas erradas para este momento. Vamos estudar ou ir ao templo? Nos especializamos em francês ou filosofia? Os testes de múltipla escolha da vida – inclusive nossas decisões sobre o uso de nosso tempo – exigem sabedoria e uma compreensão mais profunda. É por isso que eles são dados a nós por nossos professores e pelo Grande Mestre e Refinador de nossa alma.

Amuleque nos lembrou de que “esta vida é o tempo para os homens prepararem-se para o encontro com Deus; sim, eis que o dia desta vida é o dia para os homens executarem os seus labores”.1

Usar nosso tempo com sabedoria não é apenas uma questão de ter mais autodisciplina ou força de vontade, nem de apenas utilizar uma agenda ou aplicativo de gerenciamento de tempo mais modernos para nos ajudar a organizar e priorizar. Fazemos mudanças reais quando compreendemos a dádiva do tempo, a dádiva de um novo dia.

Há alguns anos, ouvi um discurso do Presidente Thomas S. Monson que mudou a maneira como eu pensava sobre meu tempo. Ele falou sobre aproveitar ao máximo nossas oportunidades e nos advertiu a

dar as costas às tentadoras seduções e armadilhas que nos são tão astuta e cuidadosamente oferecidas pelo adversário. Há dois séculos, Edward Young disse que a “procrastinação é o ladrão do tempo”. Na verdade, a procrastinação é muito mais que isso. Ela rouba-nos o auto-respeito. Ela nos importuna e estraga nossa alegria. Priva-nos da realização plena de nossas ambições e esperanças. Sabendo disso, devemos acordar para a realidade com a certeza segura de que “este é o meu dia de oportunidades. Não o desperdiçarei”.2

Essa última frase ficou em minha mente e em meu coração. Digitei essa declaração – “Este é o meu dia de oportunidades. Não o desperdiçarei” – e coloquei-a na minha geladeira como um lembrete constante de que cada dia é uma dádiva e o que escolho fazer com o tempo e os talentos que me foram dados é a minha dádiva a Deus a cada dia. Cada vez que eu ia à geladeira, lembrava-me do meu compromisso de não desperdiçar as minhas oportunidades.

Olho e vejo jovens extraordinários, homens e mulheres, que têm trabalhado arduamente e estão aqui em uma universidade que tem como objetivo não apenas oferecer uma educação de nível internacional, mas também “ajudar as pessoas em sua busca pela perfeição e pela vida eterna”.3 Este é realmente o seu “dia de oportunidades”.

Na década de 1890, um economista italiano chamado Vilfredo Pareto observou que 80% da riqueza de seu país era controlada por apenas 20% da população. Essa constatação levou a uma teoria que se aplica a muitas áreas da vida. Ela é conhecida como a regra 80/20, o Princípio de Pareto ou a Lei dos Poucos Vitais. Oitenta por cento do nosso sucesso vem de apenas 20% de nossas atividades.

Por exemplo, a Microsoft descobriu que, ao corrigir 20% dos bugs mais relatados, 80% dos erros e falhas em um determinado sistema seriam eliminados. Nos negócios, há um ditado que diz que 20% dos clientes geram 80% da receita. Alguns dizem que o mesmo acontece nos esportes e que 15% dos jogadores produzem 85% do total de vitórias, enquanto os outros 85% criam 15% das vitórias.

Esse princípio, embora interessante quando aplicado a computadores, clientes e esportes, é crucial para se entender na vida. A maior parte de nosso progresso vem de apenas algumas coisas importantes. Já disse antes que “ser uma pessoa melhor não necessariamente equivale a fazer mais tarefas”.4 É fácil cair na armadilha da ocupação e gastar nosso tempo em atividades que pouco contribuem para nossas metas gerais, enquanto procrastinamos os 10% ou 20% das coisas que são mais valiosas e importantes.

Na conferência geral mais recente, o Presidente Russell M. Nelson disse: “Suplico a vocês que considerem em espírito de oração o modo como despendem seu tempo”.5 Se quisermos evitar o desperdício de nosso dia de oportunidades, a resposta não é apenas ir mais rápido. Queremos ir na direção certa e nos concentrar nas poucas coisas vitais que determinam nosso sucesso. Então, em que devemos nos concentrar?

Anos atrás, ouvi o Élder Jeffrey R. Holland falar no funeral de um jovem extraordinário de minha ala chamado Ben. Ao falar de Ben, o Élder Holland nos lembrou do que mais importa em cada novo dia de oportunidades. Ele me ensinou que podemos aprender sobre as poucas coisas vitais da vida quando nos deparamos com o falecimento de alguém que amamos:

Um dos benefícios de participar de um funeral é que recebemos um grande lembrete de que este mundo não é nosso lar, e ninguém nesta sala deve pensar que é. Ninguém veio aqui para ficar, e ninguém vai ficar. Às vezes vivemos, pensamos e agimos como se este fosse nosso lar, como se tudo o que podemos acumular e tudo o que podemos realizar – de forma material, temporal ou mesmo cívica – fosse o mais importante na vida.

Nossas ações e realizações mortais são importantes. Elas são valiosas. As melhores delas são dádivas de Deus. Temos um mundo maravilhoso. Ele foi feito para ser maravilhoso, mas é um maravilhoso ponto de passagem, não um destino final. Vou guardar com carinho as lições que Ben me ensinou sobre como se preparar para seguir em frente, como usar o tempo, onde colocar o foco e o quanto é preciso lembrar que este é o reino telestial, não o celestial. Ben ensinou que devemos usar o primeiro para nos preparar para o segundo.

No final das contas, não há muitas coisas que podemos levar deste mundo. Um funeral nos lembra rapidamente disso. Pelo que posso dizer, podemos levar três coisas:

Podemos levar nosso caráter, incluindo o que aprendemos, o que fizemos – quem nos tornamos. Construir o caráter é um dos propósitos pelos quais estamos aqui.

Podemos levar as ordenanças do evangelho.

Por causa das ordenanças, a terceira coisa que oramos para poder levar – e planejamos levar e queremos levar – é nossa família.

Caráter, ordenanças e relacionamentos familiares – essas três coisas se tornaram os meus “poucos vitais” – as coisas às quais eu viria a dedicar meu melhor tempo e energia. Coloquei essas palavras em um lugar de destaque na minha geladeira para servirem como um lembrete constante.

Portanto, aprendendo com o conselho do Élder Holland sobre a vida e a morte, quero falar com vocês sobre focalizar em nosso caráter, nas ordenanças e convênios e em nossos relacionamentos familiares. Essas três coisas devem ter prioridade em nossa interminável lista de coisas para fazer e nos motivar a reduzir as distrações que nos afastam das coisas que realmente importam, para que não desperdicemos nossa oportunidade aqui na Terra.

Antes de mais nada, porém, deixem-me dizer que espero que prestem atenção a todas as impressões que certamente virão a vocês se estiverem ouvindo com o Espírito enquanto falamos sobre essas coisas. Na verdade, vou contar-lhes uma história rápida antes de continuarmos. Quando meu sobrinho, McKay, era apenas um garotinho, ele estava brincando com seus brinquedos e fez uma grande bagunça. Meu irmão pediu a McKay que limpasse tudo, mas toda vez que ele ia checar, encontrava-o brincando muito e não limpando nada. O papai estava começando a ficar irritado, e o McKay percebeu isso.

Finalmente, meu irmão pediu a McKay que parasse e fizesse a si mesmo a pergunta: O que devo fazer?

McKay pensou por um minuto e disse: “Pai, ouça. É o Espírito Santo, e o Espírito Santo está dizendo: ‘McKay, não faça nada’”.

Tenho um testemunho de que, quando se trata de perguntar com real intenção o que precisamos fazer para melhorar nosso discipulado e usar nosso tempo e talentos da maneira que nosso Pai Celestial deseja, o Espírito Santo sempre nos dirá para fazer algo! Portanto, ouçam e decidam fazer algo.

Caráter

Primeiro, o caráter. Deus nos dá experiências com as quais Ele deseja que formemos um caráter mais divino e nos convida a participar de Sua obra de coligar Israel e ajudar outras pessoas a desfrutar da vida eterna. Essa é uma grande meta, mas a ajuda vem disfarçada em pequenas coisas.

Lembro-me de estar me preparando para dormir em uma noite de domingo, há muitos anos. Eu estava exausta e desanimada. As crianças eram todas muito pequenas. Meu marido, Boyd, estava ocupado com o trabalho e servia como bispo aqui no campus. Ele ficava fora a maior parte da semana, assim como todos os domingos, desde o início da manhã até a hora do jantar – e isso se tivéssemos sorte de vê-lo no jantar. Eu levava as crianças à igreja todas as semanas no Harris Fine Arts Center, onde meu marido servia como bispo em uma das alas de estudantes. As reuniões sacramentais eram tão silenciosas! Eu passava o tempo todo tentando manter as crianças ocupadas e entretidas para que não perturbassem o espírito de toda a reunião. Nem preciso dizer que não aproveitava muito os discursos. Depois, corríamos para casa para poder ir à Primária em nossa própria ala.

Tentei tornar o domingo um dia especial – um dia no qual meus filhos sentissem o Espírito e aprendêssemos o evangelho juntos – o tipo de Dia do Senhor sobre o qual eu tinha ouvido mulheres que eu admirava muito falarem. Mas sentia que passava a maior parte do meu Dia do Senhor separando brigas, limpando bagunças, trabalhando na cozinha, entretendo as crianças e olhando para o relógio, esperando Boyd finalmente chegar em casa. O domingo era tudo menos um dia de descanso e renovação espiritual.

Eu estava muito feliz que Boyd estivesse tendo as oportunidades que estavam surgindo para ele e sabia que nossa família estava sendo abençoada, mas não conseguia deixar de sentir que, enquanto ele crescia espiritualmente, eu estava retrocedendo – e muito rapidamente. Sentia que estava apenas fazendo tudo no automático e não obtendo nenhum resultado.

Ao cair na cama, lembrei-me de que não tinha lido as escrituras e, francamente, não estava com vontade de fazê-lo. Eu estava cansada e sentindo um pouco de pena de mim mesma. Mas me senti culpada, então me sentei, abri minhas escrituras e disse a mim mesma que ler apenas um versículo seria suficiente e cumpriria a exigência de ler as escrituras naquele dia. O Senhor me abençoou naquela noite. Abri as escrituras em um versículo que se tornou um dos meus favoritos – Doutrina e Convênios 64:33:

Portanto, não vos canseis de fazer o bem, porque estais lançando o alicerce de uma grande obra. E de pequenas coisas provém aquilo que é grande.

Nunca esquecerei a paz e a luz que senti ao ler esse versículo. O Espírito me encheu e meu coração se abrandou. O Espírito sussurrou para mim que a “grande obra” de que o Senhor falava poderia ser minha vida, poderia ser minha família – se eu continuasse fazendo as pequenas coisas. E, no final, isso faria uma grande diferença – mesmo que eu me sentisse cansada às vezes.

As crianças pequenas sob meus cuidados – e minhas pequenas decisões – eram minha grande obra. Naquela época, elas eram minha chance de desenvolver – e de ajudar outras pessoas a desenvolver – um caráter mais divino.

Vocês terão desafios diferentes. Podem ou não vir a ter filhos que os desafiem. Podem ou não vir a ter uma carreira, um chamado ou um ofício. Vocês podem ser desafiados por um cônjuge ou por não ter um cônjuge. Os caminhos à sua frente são tão variados quanto os caminhos que os trouxeram à BYU.

Mas uma coisa eu posso prometer-lhes: Deus estará com vocês na grande obra que está à sua frente, seja ela qual for. Qualquer objetivo que valha a pena exigirá muito trabalho, cansaço e boas obras. Vocês precisarão seguir em frente quando seria mais fácil ficar para trás e descansar.

E, a menos que eu esteja enganada, as portas do seu sucesso girarão em pequenas dobradiças: hábitos de oração e paciência, recorrer às escrituras e ouvir a voz mansa e delicada. Se vocês derem ouvidos a essa voz mansa, coisas verdadeiramente grandiosas acontecerão em sua vida. A influência do Espírito Santo mudará seu caráter6, e vocês descobrirão que, seja qual for o seu caminho, não terão desperdiçado o seu dia de oportunidades.

Ordenanças 

O Élder Holland ensinou que a segunda coisa vital que levamos da vida são nossos convênios. Acredito que as ordenanças e os convênios do evangelho são dádivas de nosso amoroso Pai. Acredito que são armas contra Satanás e que trazem poder espiritual. Os convênios podem fazer uma enorme diferença em nossa vida. 

Essa é uma das razões pelas quais o Presidente Russell M. Nelson está nos exortando a fazer do templo uma prioridade. Após o anúncio de vários templos em abril, ele disse que: 

a construção desses templos pode não mudar sua vida, mas o tempo que despenderão no templo certamente mudará. Nesse sentido, eu os abençoo para que identifiquem o que podem deixar de lado a fim de passarem mais tempo no templo.7

Passar tempo recebendo ordenanças sagradas e fazendo e renovando convênios abençoará todas as áreas de nossa vida. Podemos ter fé na matemática do Senhor – que Ele multiplicará e magnificará nossos esforços quando fizermos das ordenanças e dos convênios uma prioridade.

Há muitas coisas em suas vidas que vocês não podem controlar no momento. Vocês nem sempre podem controlar se aqueles de quem gostam parecem não gostar de vocês, se vocês não conseguem o emprego ou o estágio que tanto desejavam, se sua situação familiar está longe do ideal ou se vocês enfrentam desafios de saúde física ou mental.

Mas existe algo que vocês podem controlar com certeza: vocês podem controlar se irão participar das ordenanças do evangelho e como irão guardar seus convênios. E descobrirão que essas ordenanças manifestarão “o poder da divindade”8 em vocês.

Relacionamentos familiares

Por fim, o Élder Holland ensinou que levamos nossos relacionamentos familiares para a próxima vida. Esses relacionamentos estão entre os poucos extremamente vitais nos quais devemos nos concentrar e prestar atenção.

Certa manhã, enquanto lia Alma 32, tive algumas percepções inesperadas. Talvez por causa de alguma tensão que estava sentindo em minha família, os versículos que costumo ler tendo em mente o princípio da fé passaram a se aplicar aos relacionamentos familiares. Então, quando Alma escreveu “árvore”, pensei em “relacionamentos”:

E eis que, à medida que a árvore começar a crescer, direis: Tratemos dela com muito cuidado, para que crie raiz, para que cresça e dê frutos. E agora, eis que se a tratardes com muito cuidado, criará raiz e crescerá e dará frutos.

Mas se negligenciardes a árvore e deixardes de tratá-la, eis que não criará raiz…

Ora, isso não é porque a semente não seja boa nem porque o seu fruto seja indesejável, mas porque (…) não cuidais da árvore; não podeis, portanto, obter seu fruto.9

Então, como nutrimos os relacionamentos? Da mesma forma que nutrimos a fé e o caráter — com grande diligência e paciência! Se tivermos nutrido os relacionamentos familiares, quando coisas difíceis acontecerem – e elas acontecerão –, resistiremos aos momentos difíceis e poderemos continuar aproveitando os frutos que os relacionamentos familiares amorosos produzem.

O Élder Dieter F. Uchtdorf disse o seguinte: “No relacionamento familiar, o amor se soletra assim: t-e-m-p-o, tempo”.10

Tentei ensinar esse princípio no discurso que dei na última conferência geral, em outubro. Recentemente, recebi um e-mail de Hailey, uma membro da Igreja em Salém, em Oregon, e mãe de seis filhos, que aprendeu essa lição por conta própria. Eis o que ela disse:

Depois de chegar em casa ontem à noite, após longos dias ajudando numa escola de ensino fundamental, um pneu furado, uma consulta médica, uma consulta de radiologia e uma visita ao pronto-socorro para um dos meus filhos doentes, fui recebida com uma cozinha cheia de louça suja e bagunça por toda a casa. Eu estava exausta e, honestamente, só queria tomar um banho e ir para a cama.

Enquanto tentava limpar a cozinha, meu filho de sete anos se aproximou e perguntou se eu poderia ir até o porão para ajudá-lo a encontrar um brinquedo específico. Meu primeiro pensamento foi: “Só quero limpar a cozinha e colocar as crianças na cama sem interrupções”. Ele perguntou novamente se eu poderia ajudá-lo.

Então, me lembrei do seguinte trecho de seu discurso na conferência: “Ao ouvir um sussurro do Espírito, podemos deixar os pratos na pia e outras coisas por fazer a fim de ler para um filho, visitar uma amiga, tomar conta das crianças da vizinha ou servir no templo [minha adição: ou ajudar seu filho a encontrar um brinquedo]. [Podemos] ver as pessoas não como interrupções, mas como o propósito de [nossa] vida”.

Olhei para meu filho, que estava olhando para mim, e olhei para minha pia cheia de louça suja e as bancadas cobertas de coisas, e disse em voz alta: “Louça, você vai ter que esperar”.

Enquanto ele e eu descíamos as escadas para o porão, meu filho, Andrew, disse: “Mãe, você me ama mais do que a louça, não é?”

Ao que, respondi com um inequívoco: “Sim!” 

Então, esta manhã, enquanto o ajudava a terminar o dever de casa para a escola, eu disse: “Andrew, eu te amo”.

Ele respondeu: “Sim, você me ama mais do que a louça”.

Isso se tornou nosso novo mantra como pais: “Eu te amo mais do que a louça” (ou, insira qualquer uma das outras mil tarefas de nossa lista).11

Hailey é meu exemplo nisso. Ela sabe que cada dia é um presente de um Pai Celestial amoroso.

Vocês podem não enfrentar essa mesma situação. Seus desafios podem não ser pias e brinquedos. Mas mesmo hoje, nesta semana, vocês terão a chance de elevar, apoiar e curar outras pessoas. Vocês podem construir relacionamentos que curam, encorajam e redimem.

Quaisquer que sejam seus desafios, olhem e vejam as pessoas ao seu redor. Não vejam apenas as louças sujas, as tarefas a serem concluídas, os capítulos a serem lidos ou as provas finais a serem feitas. Observem aqueles ao seu redor que precisam de ajuda.

Vocês podem mostrar que amam seu irmão ou irmã mais do que amam assistir ao seu programa favorito. Vocês podem mostrar que se importam mais com os sentimentos de seus colegas de quarto do que com quem está certo. Vocês podem mostrar que sua preocupação com os outros em sua ala é real e que seu afeto não é fingido. E, então, vocês terão relacionamentos que mostram que não desperdiçaram seu tempo na Terra, mas que estão participando da grande obra de Deus de elevar Seus filhos e filhas.

Conclusão

Esta vida terrena é tão curta no plano eterno, mas determina tantas coisas. É o nosso “dia de oportunidades”. Usem-na bem e vocês terão oportunidades com as quais nunca sonharam.

É minha oração que cada um de nós possa ser intencional na maneira como usamos nosso tempo e energia. Certificar-se de que o tempo seja gasto nos “poucos vitais” em vez de nos “muitos triviais” trará felicidade e paz não apenas nesta vida, mas na vida futura.

Que usemos esta época de renovação para nos comprometermos novamente a evitar distrações e manter nosso foco no desenvolvimento de nosso caráter e no aumento da fé em Jesus Cristo, nas ordenanças e nos convênios, e em nutrir relacionamentos amorosos e ajudar aqueles ao nosso redor.

Esta é a Igreja de Cristo, e aqueles de nós que foram batizados tomaram sobre si o Seu nome. Que possamos agir de acordo, não apenas nesta época de Natal, Sua época, mas sempre, é minha oração. Em nome de Jesus Cristo, amém.

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Notas

  1. Alma 34:32; ênfase adicionada.
  2. Thomas S. Monson, “Mensagem da Primeira Presidência: O Farol do Senhor: Mensagem para os Jovens da Igreja”, A Liahona, maio de 2001; citando Edward Young, Night Thoughts [Pensamentos Noturnos], (1742-45), Night I, linha 393; também citando e parafraseando Alfred Armand Montapert, The Way to Happiness: The Eternal Quest of Mankind [O Caminho para a Felicidade: A Busca Eterna da Humanidade], (Engentiwood Cliffs, Jersey: Prenti-Hall, 1978), 60: “Devo fazer algo bom com este dia e não desperdiçá-lo. Este é meu dia de oportunidade”; ênfase no original.
  3. The Mission of Brigham Young University [A Missão da Universidade Brigham Young], (4 de novembro de 1981).
  4. Michelle D. Craig, “Descontentamento divino”, A Liahona, novembro de 2018; grifo no original.
  5. Russell M. Nelson, “Tornar-nos santos dos últimos dias exemplares”, A Liahona, novembro de 2018.
  6. Ver Henry B. Eyring, “Dons do Espírito para momentos difíceis”, BYU Speeches Português, 10 de setembro de 2006.
  7. Russell M. Nelson, “Trabalhemos hoje”, A Liahona, maio de 2018.
  8. D&C 84:20.
  9. Alma 32:37-39.
  10. Dieter F. Uchtdorf, “As coisas que mais importam”, A Liahona, novembro de 2010.
  11. Carta a Michelle D. Craig; citando Craig, “Descontentamento divino“.
Michelle D. Craig

Michelle D. Craig, primeira conselheira na presidência geral das Moças de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, proferiu este discurso no devocional do dia 11 de dezembro de 2018.